Família Rosique

      APELLIDO ROSIQUE


´´A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos.´´ (Cícero)

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Escudo Rosique

 

         Estudar as suas próprias origens é um exercício de busca dos aspectos históricos que circundam a vida dos nossos antepassados. Seguindo várias pistas do “Apellido” Rosique conseguimos trilhar um caminho de muitas nuances e detalhes esquecidos. O objetivo desse blog e fazer um apanhado das descobertas familiares e que podem mudar com a revelação de novas fontes documentais.

GENEALOGIA:

        A genealogia é uma ciência auxiliar da história que estuda a origem, evolução e disseminação das famílias e respectivos sobrenomes ou apelidos.

A definição mais abrangente é “estudo do parentesco”. Como ciência auxiliar, desenvolve-se no âmbito da “História de Família”, onde é a peça fundamental subsidiada por outras ciências, como a sociologia, a economia, a história da arte ou o direito.

É também conhecida como “ciência da História da Família” pois tem como objetivo desvendar as origens das pessoas e famílias por intermédio do levantamento sistemático de seus antepassados ou descendentes, locais onde nasceram e viveram e seus relacionamentos interfamiliares.

Tal levantamento pode ser estendido aos descendentes como aos ascendentes de uma determinada figura histórica sendo muitas vezes difícil classificar os nomes de família por causa das mudanças de ortografia e pronúncia com o passar do tempo. Várias palavras antigas tinham significados diferentes na época, ou hoje em dia não são mais usadas. Muitos nomes de família dependeram da competência e discrição de quem os fez no ato do registro.

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Escudo Rosique com Elmo

 

    SOBRENOME -“APELLIDO”

        Na maioria das línguas indo-europeias, o prenome precede o sobrenome (apelido de família) na forma de designar as pessoas. Em algumas culturas e idiomas (por exemplo em húngaro, vietnamita, chinês, japonês ou coreano), o sobrenome precede o prenome na ordem do nome completo.

Na maioria das culturas as pessoas têm apenas um sobrenome, geralmente herdado do pai. No entanto, em nomes de origem anglo-saxônica é comum a utilização de um nome do meio entre o nome próprio e o sobrenome, por vezes escolhendo o sobrenome materno para esse segundo nome próprio. Já na cultura lusófona é costume os filhos receberem um ou mais sobrenomes de ambos os progenitores. Também assim se procede na cultura hispânica, porém note-se que, enquanto na Lusofonia os sobrenomes maternos precedem os paternos na disposição final do nome completo, na Espanha e na América hispânica a ordem é a inversa.

Em Portugal o número máximo de sobrenomes permitidos é quatro, o que permite o uso de sobrenome duplo quer materno, quer paterno, enquanto que em Espanha é de dois, mas esses dois podem ser duplos, unidos por hífen, resultando na realidade em quatro. Já no Brasil e nos restantes países de língua portuguesa não existe essa limitação.

 

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Escudo de Pedra em Fachada de uma casa nobre

 

Os primeiros a adquirirem sobrenomes foram os chineses. Algumas lendas sugerem que o Império Fushi decretou o uso de sobrenomes, ou nomes de famílias, por volta de 2852 a.C. Os chineses tinham normalmente 3 nomes: o sobrenome, que vinha primeiro e era uma das 438 palavras do sagrado poema chinês “Po-Chia-Hsing”. O nome de família vinha em seguida, tirado de um poema de 30 personagens adotados por cada família. O nome próprio vinha então por último.

Na Roma Antiga tinham apenas um nome próprio. No entanto mais tarde passaram a usar três nomes. O nome próprio ficava em primeiro e se chamava “prenome”. Depois vinha o “nome”, que designava o clã. O último nome designava a família e é conhecido como “cognome”. Alguns romanos acrescentavam um quarto nome, o “agonome”, para comemorar atos ilustres ou eventos memoráveis. Quando o Império Romano começou a decair, os nomes de família se confundiram e parece que os nomes sozinhos se tornaram costume mais uma vez.

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Escudo Rosique

 

Os primeiros sobrenomes de que se tem notícia são os patronímicos – nomes que fazem referência ao pai: Simão Filho de Jonas, por exemplo. Esse gênero difundiu-se bastante na língua inglesa, em que há uma grande quantidade de sobrenomes que terminam em son (filho) – como Stevenson, ou “filho de Steven”. Como esse método era limitado, alguns sobrenomes começaram a identificar também o local de nascimento: Heron de Alexandria. Eles se tornaram hereditários à medida que a posse das terras passou a ser transmitida de geração em geração. Por isso mesmo, nobreza e clero foram os primeiros segmentos da sociedade a ter sobrenome, enquanto as classes baixas eram chamadas apenas pelo primeiro nome. O último nome, identificando a família, era inclusive usado como “documento” na hora da compra e venda da terra, um luxo reservado apenas aos mais favorecidos.

O sobrenome Rosique, segundo algumas fontes, pode ser originário da antiga cidade de Rausic na Sérvia (sobrenome de localidade), o nome sofreu algumas mudanças com a chegada na Espanha (Cartagena). Pode existir ainda uma relação do sobrenome com  as palavras Rosik, Rausic, Rusik, Raushic que significa proveniente de Rus, antigo território Russo de origem Viking.

Leia mais em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/curiosidades/origem-dos-sobrenomes

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Árvore Genealógica

Brasão de Armas

      Um brasão de armas ou, simplesmente, brasão, na tradição européia  medieval, é um desenho especificamente criado – obedecendo às Leis da heráldica – com a finalidade de identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e nações.

       O desenho de um brasão é normalmente colocado num suporte em forma de escudo que representa a arma de defesa homónima usada pelos guerreiros medievais.

 

Cotas de Armas

 

       Era comum, sobretudo nos séculos XIV e XV, os brasões serem pintados ou cosidos sobre as cotas de malha, o vestuário de protecção usado pelo homens de armas. Por isso, os brasões também são, ocasionalmente, designados por cotas de armas.

       Não se sabe, com rigor, quando é que esta prática teve início. O campo de estudo dos brasões denomina-se heráldica. Os brasões não eram fornecidos ao acaso para as pessoas. Tiveram as suas origens em atos de coragem e bravura efetuados por grandes cavaleiros. Era uma maneira de os homenagear e às suas famílias. Com o passar do tempo, como era um ícone de status, passou a ser conferido a famílias nobres no intuito de identificar o grau social delas, assim sendo, somente os heróis ou a nobreza possuíam tal ícone e o poderiam transmitir a seus descendentes.

 

Elementos do Escudo

 

        A partir do séc XIX, com a ascensão ao poder da Burguesia e o declínio da Monarquia, o brasão foi perdendo a sua importância.

        Brasões ou armas têm como elemento fundamental o escudo, que contém o desenho fundamental do brasão.

 

Cotas de Armas de Cruzados

 

As cores utilizadas em armaria são conhecidas genericamente como esmaltes, que se dividem em Metais (ouro e prata), os Esmaltes propriamente ditos: Vermelho (goles), Azul (blau), Verde (sinople), Púrpura, Preto ou Negro (sable) e os Forros ou Peles: Arminhos e Veiros. Também são incluídas a carnação e as cores naturais, embora não sejam Esmaltes. Esses são os significado das cores: – Ouro: nobreza, riqueza e poder. -Prata: pureza, integridade, firmeza e obediência e Vermelho: vitória, fortaleza e ousadia.

 

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” El libro de la Cofradía de Santiago “
Caballería Medieval

       

        Cavalaria medieval é a instituição feudal dos cavaleiros nobres e aos ideais que lhe eram associados ou que lhe foram associados pela literatura, nomeadamente a coragem, a lealdade e a generosidade, bem como a noção de amor cortês.

Além dos cavaleiros (miles), homens que os senhores feudais eram obrigados a apresentar (lanças), a cavalaria era constituída pelos escudeiros, cavaleiros das ordens religiosas e dos concelhos (também conhecidos por «cavaleiros-vilãos») e “cavaleiros da espora dourada” (estes eram ricos, mas sem nobreza).

 

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Cavaleiros de Cristo, por Jan van Eyck, (1432)

 

Cada lança constituía uma fila formada pelo seu chefe, designado por homem de armas, pelo seu escudeiro, pelo pajem, dois arqueiros a cavalo ou besteiros e por um espadachim. Cinco ou seis filas formavam uma bandeira, subordinada a um chefe. E um certo número de bandeiras constituía uma companhia de homens de armas.

Os monges guerreiros das ordens militares do Templo, dos Hospitalários, de Calatrava (mais tarde Ordem de Avis) e de Santiago de Espada desempenharam um papel muito importante nas lutas das Cruzadas.

Na Família Rosique, alguns membros pertenceram aos Cavaleiros da Ordem de Santiago, como retratado nesse livro de Emílio Cardenas, “Caballeros de la Orden de Santiago.Siglo XVIII.

                                                                       

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Cavaleiros da Ordem de Santiago- Cardenas

 

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Família Rosique da Ordem de Santiago

 

Cavaleiros de Santiago

 

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Cruz de Santiago

 

A Ordem Militar de Santiago é uma ordem religiosa-militar de origem castelhano-leonesa, atualmente Ibérica, instituída por Afonso VIII de Castelae aprovada pelo Papa Alexandre III, mediante bula papal outorgada em 5 de Julho de 1175. A Ordem foi fundada com o propósito de lutar contra os invasores muçulmanos na Espanha, bem como proteger os peregrinos do Caminho de Santiago.

A Ordem fora fundada por volta de 1164, sob a denominação de Ordem de Cáceres (freyles de Cárceres, em espanhol), tendo alterado para Ordem de Santiago em 1 de agosto de 1170, quando, após encontro com o arcebispo de Santiago de Compostela, colocaram-se sob a vassalagem do Apóstolo Tiago.

 

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Ordem de Santiago

 

Embora tenha sido fundada na Espanha, mais precisamente em Castela, mais tarde veio a ser desmembrada, a pedido do rei Dom Diniz em 1288, e atendido pelo papa Nicolau IV, para ser considerada como ordem portuguesa. Contudo, a bula do papa Nicolau IV obrigava os cavaleiros portugueses prestarem obediência ao mestrado de Castela. Em 1320, o papa João XXII determinou a separação definitiva a ramificação portuguesa da espanhola.

Os Cavaleiros de Santiago, chamados Santiaguistas ou Espatários (por ser o seu símbolo uma espada em forma crucífera – ou uma cruz de forma espatária, dependendo do ponto de vista), fizeram votos de pobreza, de obediência e “castidade conjugal”. Seguindo a regra de Santo Agostinho ao invés da de Cister, os seus membros não eram obrigados ao voto de castidade de per se, e podiam como tal contrair matrimónio (alguns dos seus fundadores eram casados).

Os Espatários participaram na reconquista de Teruel e Castellón e combateram na batalha de Navas de Tolosa (1212). Os monarcas, primeiro de Leão, depois de Castela, concederam-lhe inúmeros privilégios, para além de lhe darem a posse de extensas regiões, com o intuito de as repovoar, na Andaluzia e em Múrcia.

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Escudo Rosique com a Cruz de Santiago

 

                                                                 ESCUDOS

A palavra ‘escudo’ deriva do latim vulgar scūtiōn– e do latim scūtum. Do seu uso em heráldica, escudo pode ser uma metáfora para a honra de uma família. A expressão “uma mancha no escudo” é usado para significar uma desonra na reputação de alguém.

Em heráldica, um escudo é o elemento principal ou focal em uma realização de armas. A palavra é usada em dois sentidos.

O escudo em que um brasão de armas é mostrado. As formas dos escudos são derivadas dos atuais escudos usados por cavaleiros em combate, e portanto, variaram e se desenvolveram por região e por época.

 

Rosique

 

ESCUDO DOS ROSIQUE

     O Escudo do Clã Rosique mais antigo é o de três rosas vermelhas iguais com cores douradas ao fundo, na pesquisa de várias fontes antigas, este sempre é o primeiro escudo encontrado. Pode existir uma relação entre o nome ROSIQUE e a similaridade linguística com a palavra ROSA e ROSE.

Rosas vermelhas e campo dourado

Escudo Rosique

 http://www.rosique.net/dynamic/aboutmeblup.htm

       O Brasão da Família Rosique é composto por um Escudo Ibérico com o Campo Dourado (“El Oro” = Amarelo) que significa nobreza. Ele  possui três rosas vermelhas idênticas (“El Gules”= Vermelho Sangue) que tem o significado relacionado a fidelidade e generosidade.

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Significado do Ouro e do Vermelho (Gulles)

 

ROSAS

      Os reis de armas começaram a utilizar as flores para adornar as Cartas que outorgavam os brasões aos cavaleiros à partir do séc. XV.

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Familía Rose

A Rosa, era a mais importante arma floral na heráldica inglesa, sendo correspondente ao leão na terra, à águia no céu e ao golfinho na água. A rosa, na cor dourada, foi trazida para a heráldica inglesa por Eleonor de Provence, mulher de Henrique III (1216-1272) e logo foi adotada, pelo filho mais velho do casal, o futuro rei Eduardo I. O 2º filho do casal, o Conde de Lancaster, usou também uma rosa, porém de cor vermelha para se diferenciar do irmão, Eduardo I. A rosa vermelha se incorporou ao condado de Lancaster e, posteriormente, ao ducado de Lancaster.

 

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Rosa de Tudor ou Rosa Inglesa

 

Quando Henrique VII de Inglaterra tomou a coroa de Inglaterra de Ricardo III de Inglaterra em batalha, pôs um fim à Guerra das Rosas entre a Casa de Lancaster (cujo emblema era uma rosa vermelha) e a Casa de York (cujo emblema era uma rosa branca). Seu pai era Edmundo Tudor da Casa de Richmond, e sua mãe era Margarida Beaufort da Casa de Lancaster – ele desposou Isabel de York para juntar todas as facções.

No seu casamento, Henrique adoptou o emblema da Rosa de Tudor juntamente com a Rosa branca de Iorque e a Rosa vermelha de Lancaster. Ocasionalmente, a Rosa de Tudor é vista dividida verticalmente (em pala) de vermelho e branco. Mais comum é a rosa ser reproduzida como dupla, branco em vermelho se posta num campo de metal (ouro ou prata), ou vermelho em branco se colocada num campo de cor, devido ao cumprimento das regras heráldicas.

 

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Escudo da Família Ros (Contemporânea em Cartagena com os Rosique)

 

     A GUERRA DAS ROSAS  foi uma Guerra civil pela conquista do trono inglês, travada entre 1453 e 1485. Nela se enfrentaram a casa real de Lancaster, cujo brasão tem uma rosa vermelha, e a de York, que traz no seu uma rosa branca.

https://tudorbrasil.com/2013/04/24/a-rosa-tudor/

    Para o Cristianismo, as rosas vermelhas representam o sangue de Cristo, sendo associadas ao seu nascimento místico.

 

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Brasão dos Tudor: 1485 a 1603

 

Existem muitos outros exemplos de Escudos Medievais adornados com Rosas Vermelhas:

 

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Escudo da Família Rosa

 

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Escudo de Manuscrito do Séc. XIV

 

Escudo encontrado em Manuscrito do Séc.XVI

 

Escudo encontrado em Manuscrito do Séc.XVI

 

Libro de escudos de diversos linajes españoles  Fecha entre 1701 y 1800? Datos de edición S. XVIII Tipo de Documento Manuscrito

Libro de Escudos de Diversos Linajes Españoles (1701)

 

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Armorial de Conrad von Grünenberg, 1483

 

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Armorial de Conrad von Grünenberg, 1483

 

  ESCUDO ROSIQUE

        O escudo Rosique mais antigo, de 3 rosas, evidenciado na home page de John E. Rosique, Jr. (cujos familiares estão entre os fundadores de Pensacola, EUA): no site ‘rosique.net’.

Ele apresenta a Heráldica do sobrenome Rosique e relata a história sobre a origem provavelmente francesa em meados do séc. XIII, com o cavalheiro Rausic Emmanuel, um nobre francês, cujo filho, Ventura Rausic migrou para o Reino de Valência onde o sobrenome foi modificado para “Rosique” e seus descendentes se estabeleceram na região de Cartagena, província de Múrcia sendo membros nobres dessa região. No mesmo trecho ele relata que outros autores consideram uma origem remota catalã da família.

 

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Heráldica Rosique

 

    http://www.rosique.net/dynamic/aboutmeblup.htm

 

                Tradução Livre :

 “Este nome de família é de origem francesa, de acordo com minhas informações. Em meados do século XIII, o cavalheiro Rausic Emmanuel obteve na França um Privilégio de Nobreza. Um filho deste Nanuel ou Emmanuel chamado Ventura Rausic, mostrou na Espanha as cartas patentes de Nobreza do Reino autorizando a ser estabelecida sua posição de nobreza no Reino de Valência. Os descendentes de Ventura obtiveram Privilégios de Nobreza na Espanha. Entre eles estava o cavalheiro Gines Rosique – o nome já tinha a forma castelhana – e outro Gines Rosique, o segundo, que obteve nos anos 1579 e 1601, respectivamente, seu status de nobreza e estabeleceu-se  na cidade de Cartagena, na Província de Múrcia. Os cavalheiros se casaram com mulheres de ilustres famílias da localidade.

            Pedro Rosique, um Governate permanente de Cartagena, casou-se com dona Josepha Gilabert e nasceu dessa união Frederico Rosique Gilabert, um Governador permanente. Ele foi nomeado um Cavalheiro da Ordem de Santiago. O filho de Pedro também se chamava Pedro Rosique; Ele era também um  Cavalheiro de Santiago e entrou para a Marinha Real.  

         Um autor escreve que as famílias mais antigas desta linhagem eram em catalãs, de onde seus descendentes ilustres migraram para vários lugares importantes, principalmente Murcia e Cantagena, desfrutando em toda parte o respeito dos filhos da nobreza. A rainha Isabel a Segunda, entregou em 1847 a Dom Miquel Tacon Rosique, que já tinha obtido os títulos de Marquês de Bayamo e da União, os títulos de Duque da União de Cuba.  

        O brasão da família Rosique é de três rosas vermelhas em um campo de ouro.”

 

 https://idademedia.wordpress.com/2011/08/21/nobreza-privilegios-honorificos-e-praticos-onus-pesados-e-custosos/  (Sobre os Privilégios da Nobreza).

 

                                                                HERÁLDICA

A heráldica refere-se simultaneamente à ciência e à arte de descrever os brasões de armas ou escudos. As origens da heráldica remontam aos tempos em que era imperativo distinguir os participantes das batalhas e dos torneios, assim como descrever os serviços por eles prestados e que eram pintados nos seus escudos. No entanto, é importante notar que um brasão de armas é definido não visualmente, mas antes pela sua descrição escrita, a qual é dada numa linguagem própria – a linguagem heráldica.

 

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Tipos de Escudos

 

Prováveis Origens:

      Exitem várias prováveis origens do sobrenome Rosique. Na comunidade do Facebook, do tema “Apellido Rosique”,  Luis Ángel Rossique afirma que em documentos da Universidade de Alacant (Espanha), existem alguns textos sobre as remotas origens do Clã Rosique, de um professor de renome valenciano (Jordi Colominas i Castanyer ?) que confirmava que os mais antigos antepassados seriam hebreus (Emmanuel Rausic), de uma família francesa antiga.

Nesse site abaixo existe um artigo de Jordi Castanyer que mostra que os Rosique tiveram seu nome castelanizados em Múrcia, do original Rossich.

http://www.soci.scgenealogia.org/pdf/apellidoscatalanes.pdf

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Foi feito contato com Luis (Louie Rossique), que atualmente mora na Flórida, via internet, ele confirmou que em suas pesquisas, Emmanuel Rausic era um hebreu francês do Norte da França, cujo o filho foi para Catalunha, onde o sobrenome passou a ser ´Rosique`. Ele cita também que pessoalmente, viu antigos documentos de John Rosique, de Pensacola (EUA), cujo o pai Juan Rosique havia levado da Espanha, sua terra natal. E estes documentos revelavam a origem judiaca do sobrenome, que foi omitida no site de John Rosique. Luis Rossique traçou um caminho desde a origem hebraica, na Tribo de Benjamin, passando pela cidade de Rausic (Sérvia) e a migração para França e Espanha.

Outras fontes espanholas antigas indicam que a Família Rosique teve uma origem remota Catalã (Tarragona)  e que após a Reconquista (1245 dC) os Rosique-Rausic foram uma das primeiras famílias a habitarem a região de Cartagena e Múrcia. Também existem outras informações que eram navegantes provenientes da Sérvia que chegaram até Portos de Cartagena e se estabeleceram ali.

    No site abaixo existe uma referência a origem do sobrenome Rosique: …”Rossic” ou “Rosich”, es de origen Croata, de la provincia de Dalmacia e isla de Brach. Rosich = hijo de Rosi…

https://www.misapellidos.com/significado-de-Rosich-54495.html

    Nesse livro de Victor Balaguer, “LAS CALLES de BARCELONA en 1865 (Complemento de la Historia de Cataluña- Tomo Primero, 1888)”, sobre as ruas de Barcelona, mostra que o nome Rosich era comum na Catalunha.

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Apellido Rosich

 

 

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Armorial.org

 

https://www.armorial.org/produit/73354-rosique.html

 

Um trecho da discussão do Grupo Apellido Rosique (Facebook):

“ Los errores en todo siempre deben ser aclarados.  Te respondo de que estoy consciente de que Murcia no es Catalana.  Sin embargo he tomado tu sugerencia en ir a Cataluña 101 en Wikipedia con mucho gusto ya que disfruto a Barcelona como uno de los asentamientos a los cuales los Rosique han regresado. (Los Rausic- Rosique descienden en Murcia desde el norte ya que Francia es el verdadero origen y no Murcia como normalmente se supone.  Esta consideración es evidente en su porqué, ya que el punto de fecha histórica de partida tiene por necesidad que ser definida muchas veces.  Yo también he usado a Murcia como origen aunque se que este no es el caso. Ya para el Padron de 1601 de Murcia habian muchos Rosique en la oligarquía. Si la transformación del apellido ocurre en Barcelona y desciende via Valencia a Murcia también es de entenderse.  Los docs que te presente no es internet como tal, son docs de la Univesitat d’Alacant escrita por un profesor Valenciano muy distinguido .  De esa partida es que nace el detalle histórico que introduzco, para los que puedan y quieran ir mas alla de otra forma nos podemos contentar para lo pertinente con que somos Rosique murcianos.  Por mis capacidades me remonto más en la historia.  Yo veo en Emmanuel Rausic (Rosique) a un hebreo frances consciente de su estado transitorio que usa como costumbre hebrea su punto de partida geografica como motivo de descendencia;” la Biblia dice que le pusieron a los pueblos segun sus nombres”.  (Rausic es un pueblo de Pej, Serbia.  Raus (Ros) es Rusia que es en torno hijo de Benjamin, hijo de Abraham, hijo de Eber (Eberim) o Heber, de donde viene el nombre del famoso rio Español indicando que los Eberim(los hebreos) pasaron por allí y nombraron la  tierra. (Pre historia  de España).  y Heber es hijo de Sem, hijo de Adán.
Mas alla D-s, Bendito sea El, no se remonta nuestra descendencia.

Algo si es claro somos descendientes de los Rosique-Rossique !!!“

 

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genealogie.com

 

Tradução Livre:

        “Obrigado pelo seu interesse em esclarecer o óbvio. Os Erros devem sempre ser esclarecidos. Eu  estou ciente de que Murcia não é Cataluna. No entanto, tomei sua sugestão de ir à Catalunha 101 na Wikipédia com grande prazer, pois gosto de Barcelona como um dos assentamentos para os quais os Rosique retornaram. (Os Rausic- Rosique de Murcia descendem do norte da França, sua verdadeira origem, em vez Murcia como geralmente assumido). Esta consideração é evidente, desde o ponto de histórico da data de partida da necessidade ser definida muitas vezes. Eu também costumava  achar ser Murcia como a fonte. Pelo Registro de 1601, em  Murcia, existia  muitos Rosique na oligarquia. Se a transformação do nome (Rausic- Rosique) ocorresse em Barcelona ou de Valência para Murcia também seria compreendida. Os documentos  que te apresento não estão na internet,  são docs da Universitat d’Alacant (Alicante) escritos por um famoso professor Valenciano, dessa posição nasce detalhes históricos que apresento, para quem pode de outras formas, podemos estar contentes com a relevância com que sejamos Rosique Murcia, eu volto mais na história, vejo em Emmanuel Rausic (Rosique) um hebreu francês. Ele está ciente de seu estado transitório, que usa como seu costume hebraico seu ponto de partida geográfico como motivo de descendência: “a Bíblia diz que eles colocam o povo de acordo com seus nomes”. (Rausic é uma cidade de Pej, Sérvia). Raus (ROS) é a Rússia, que é o filho de Benjamin, filho de Abraão, filho de Eber (Eberim) ou Heber, daí o nome do famoso Rio espanhol indicando que Eberim (os hebreus) passaram por ali e nomearam a terra (Pré história da Espanha), e Heber é o filho de Shem, filho de Adão.
Além de D’us, Bendito seja Ele, que remonta nossa descedência.

Algo  é claro que somos descendentes do Rosique-Rossique !!!“

 

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Escudo Rosique de três Rosas Vermelhas numa Roseira com Fundo Vermelho

 

Luis Rossique confirma neste trecho que por seus estudos, a Família Rosique provavelmente descendesse dos antigos hebreus, da tribo de Benjamim (filho RUS) que migraram, devido as guerras, inicialmente para Russia, e depois chegando até a França e Espanha. Seguindo essa teoria, como isso poderia ter ocorrido?

 

                 HEBREUS

 

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Hebreus

 

Os antigos hebreus (etnônimo possivelmente oriundo do termo hebraico Éber, ou עברים, transl.ʿIvrim, significando “povo do outro lado do rio“) foram um povo semítico da região do Levante, localizado no Oriente Médio. O etnônimo também foi utilizado a partir do período romano para se referir aos judeus, um grupo étnico e religioso de ascendência hebraica. Acredita-se que, originalmente, os hebreus chamavam a si mesmos de israelitas, embora esse termo tenha caído em desuso após a segunda metade do século X a.C. Os hebreus falavam uma língua semítica da família Cananéia, à qual se referiam pelo nome de “língua de Canaã” (Isaías 19:18). Esse povo, apagado pela grandeza de estados muito maiores, tecnologicamente avançados e mais importantes politicamente, foi responsável, contudo, pela composição de alguns dos livros que compõem a Bíblia, obra considerada sagrada por religiões ocidentais e orientais.

Os hebreus foram um dos primeiros povos a cultuar um único Deus, isto é, a professar uma religião monoteísta.

Na crença dos hebreus, o único Deus é Javé (Jeová), cuja imagem não pode ser representada em pinturas ou estátuas para evitar idolatria. Essa crença é a origem das três maiores religiões monoteísta do mundo.

   *Muitos judeus que viviam na Europa na idade média, sofreram com intensas perseguições e eram forçados a se converter ao catolicismo ou a fugir. Na Espanha,  antes de sua definitiva expulsão em 1492, os judeus adotavam sobrenomes catalães ou deixavam de usar seus sobrenomes, no site abaixo mostra as modificações de sobrenomes:

http://www.soci.scgenealogia.org/pdf/apellidoscatalanes.pdf

   Isso poderia explicar a causa da modificação do sobrenome Rausic para Rosique na Espanha.

TRIBO DE BENJAMIM:

     “Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã devora a presa e à tarde reparte o despojo.” (Gênesis 49:27)

 

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Símbolo da Tribo de Benjamim

 

As Tribos

Bandeira de Benjamim

 

              A tribo de Benjamim (em hebraico, בִּנְיָמִין, transl. Binyāmîn,”filho da felicidade”) era uma das doze tribos de Israel. Recebeu o nome do filho mais novo de Jacó (Israel) e Raquel. Os membros dessa tribo eram chamados benjamitas.

Quando da divisão de Canaã, a tribo de Benjamim ficou com o território compreendido entre Efraim, ao norte, e Judá, ao sul. Embora fosse um território pequeno e montanhoso, era fértil e incluía cidades importantes como Jerusalém, Jericó, Betel, Gibeá e Mispá, entre outras.

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Insígnea de Benjamim

 

Um benjamita importante foi Eúde, o segundo juiz referido no Livro de Juízes. Saul, o primeiro rei de Israel oficialmente reconhecido como tal, era benjamita, filho de Quis. A partir daí, a linhagem real passou a ser da tribo de Judá.

 

Território da Tribo de Benjamim

 

          Depois da conquista da região por Josué e até a formação do primeiro Reino de Israel, em 1050 a.C., a tribo de Benjamim foi parte de uma confederação livre de tribos israelitas. Sem um governo central, em tempos de crise as pessoas eram guiadas por líderes conhecidos como Juízes. A tribo de Benjamim, inclusive mulheres e crianças, foi quase dizimada por outras tribos israelitas na Batalha de Gibeá. Os homens sobreviventes foram separados, mas foi-lhes permitido casar com mulheres de outras cidades, cujos maridos tivessem morrido, de modo a permitir que a tribo continuasse.

 

Com o crescimento da ameaça das incursões filisteias, as tribos israelitas decidiram formar uma monarquia forte e centralizadora para enfrentar o iminente conflito. O primeiro rei dessa nova entidade foi Saul, que era da tribo de Benjaminm, que, naquele momento, era a menor das tribos. Ele reinou por 38 anos, em Gibeá  que parece ter sido sua terra natal.

 

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Armas das Tribos de Israel

 

Após a morte de Saul, todas as tribos, com exceção de Judá, permaneceram fiéis à casa de Saul, mas, depois da morte de Isboset, filho de Saul e seu sucessor no trono de Israel, a tribo de Benjamim juntou-se às tribos israelitas do norte, dispostas em fazer de Davi, que era rei de Judá, soberano do reino de Israel reunificado. No entanto, com a ascensão de Roboão, neto de Davi, em 930 a.C., as tribos do norte se separaram da Casa de Davi para recriar o Reino de Israel como o Reino do Norte. Contudo, dessa vez a tribo de Benjamim permaneceu fiel à Casa de Davi, continuando a fazer parte do Reino de Judá, até que, em 586 a.C, Judá foi conquistado pelos babilônios, e a sua população foi deportada.

Os judeus retornaram do exílio da Babilônia, as afiliações tribais que ainda permaneciam foram abandonadas, provavelmente por causa da impossibilidade de se restabelecerem as antigas possesões tribais de terras. No entanto, as regras e leis religiosas, decretadas por Levitas e Kohanim foram preservadas, e a população em geral foi chamada de Israel. Essas designações ainda são seguidas hoje.

 

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Tribos de Israel

 

BATALHA DE GÍBEA

     A tribo de Benjamim é inicialmente descrita no Cântico de Débora e em outras descrições bíblicas como sendo muito combativa. Eram ensinados a lutar com a mão esquerda, de modo a pegar os inimigos de surpresa, (Juízes 3:15-21, 20:16, 1 Crônicas 12:02), além de serem arqueiros valentes e hábeis. (1 Crônicas 08:40, 2 Crônicas 14:08)

No entanto, segundo o texto, houve uma mudança abrupta do seu caráter, que se tornou mais plácído, depois de um incidente traumático para a tribo. O livro de Juízes narra que um episódio de grosseira falta de hospitalidade por parte da tribo resultou na batalha de Gibeá, quando as outras tribos de Israel buscaram vingança, após o que os membros sobreviventes de Benjamim foram sistematicamente abatidos, incluindo mulheres e crianças. Quando a tribo de Benjamin estava quase extinta, foi decidido que deveria sobreviver, e os 600 homens sobreviventes de Benjamin foram casar-se com mulheres de outras tribos. (Juízes 19-21).

 

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12 Tribos

 

Descendentes de Benjamim

       Um descendente da tribo de Benjamim foi São Paulo Apóstolo, um dos maiores missionários que semearam a boa nova do Evangelho :

        “Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.”Romanos 11:1

       “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu; segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.”

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Heráldica de Benjamim

 

A MIGRAÇÃO DA TRIBO DE BENJAMIM 

       Seguindo as pistas que os Rosique-Rausic descendem dos Hebreus, especificamente da Tribo de Benjamim, existem algumas evidências históricas que confirmam que essa Tribo migrou da Galiléia, inicialmente para a região da Dácia, e depois para o norte da Europa e Rússia.

Após a volta do Exílio Babiblônico os benjamitas se instalaram na regiâo da Galiléia (Ne 11:31-35).

 

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Tribo de Benjamim na Galiléia

 

Como os benjamitas viviam no extremo norte do país, houve uma considerável emigração através dos séculos, como é bem conhecido, sobre a fronteira norte, através da Síria, para as províncias do sudeste da Ásia Menor, que ficavam mais próximas da Palestina, Capadócia, Galácia e Cilícia. De fato, foi em Tarso, a principal cidade da Cilícia, que nasceu o maior de todos os benjamitas – o apóstolo Paulo. Finalmente, durante as terríveis guerras romanas do primeiro século, a emigração aumentou muito.

 

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Migração

 

O livro de Herbert Hannay “European and Other Race Origins” incluía registros antigos que “mostravam representantes de Benjaminitas espalhados por toda a extensão da Ásia Menor” (p. 467). A Bíblia indica que israelitas estavam vivendo na Ásia Menor durante a era apostólica. O livro de I Pedro começa por abordar o “Povo de Deus espalhado por Pontus, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia”.

 

DÁCIOS

         De acordo com a tradição medieval judaica, a Tribo de Benjamim migrou para a  região dos Balcãs (Radack Kimchi, baseado em Juízes 20:15). As migrações da Galiléia para a Ásia Menor os levaram principalmente para a Trácia. Também devido ao fato de que os persas “empurraram” os partos para a Armênia devido a sua queda, isso causou mais migrações da tribo para Dácia. Os Dácios e Getaes eram considerados “Trácios” pelos antigos (Dio Cassius, Trogus Pompeius, Appian, Estrabão e Plínio, o Velho), e falavam a mesma língua trácia. A região de Dácia está nos Balcãs, atualmente é denominada Romênia e Bulgária . “Infelizmente, com o passar do tempo em seu novo ambiente, na Dácia, eles [Benjamim] gradualmente abandonaram a verdadeira fé” (A Grande Herança da Islândia Adam Rutherford F.R.G.S., A.M. Inst. T. Footnote, p.17).

 

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Na geografia da Antiguidade, especialmente em fontes romanas, Dácia era o nome dado à região habitada pelos dácios (ou getas, como eram conhecidos pelos antigos gregos), um ramo dos trácios que vivia a norte dos Bálcãs.

A Dácia tinha como suas fronteiras meridionais o rio Danúbio – Istro (Istros), nas fontes gregas) – ou, em sua maior extensão, o Monte Hemo (em latim: Haemus Mons), atual cordilheira dos Bálcãs. A Mésia (Dobruja), uma área a sul do Danúbio, era o centro da região onde os getas viviam e interagiam com os antigos gregos. A leste, como fronteiras naturais o Ponto Euxino (Mar Negro) e o rio Danastro (Danastris, atualmente Dniester), citado nas fontes gregas como Tiras (Tyras). Diversos povoados dácios foram registrados, no entanto, entre os rios Dniester e Hípanis (Hypanis, atualmente rio Bug), e o Tísia (Tisza), a oeste.

        Por vezes, a Dácia compreendeu áreas entre o Tisza e o Danúbio Médio. A cadeia de montanhas dos Cárpatos localizava-se bem no meio da Dácia. Correspondia aos países atuais da Romênia e Moldávia, bem como partes menores da Bulgária, Sérvia, Hungria e Ucrânia.

      Os dácios (ou getas) eram tribos trácias setentrionais. As tribos dácias tiveram tanto relações pacíficas quanto belicosas com outras tribos vizinhas, como os celtas, antigos germânicos, sármatas e citas, porém foram mais influenciados pelos gregos e romanos. Estes acabaram por conquistá-los, e assimilá-los, linguística e culturalmente.

Um reino dácio de dimensões variadas existiu entre 82 a.C. até a conquista romana, em 106 A capital da Dácia, Sarmizegetusa, localizada na Romênia atual, foi destruída pelos romanos, porém seu nome foi acrescentado ao da nova cidade (Úlpia Trajana Sarmizegetusa), construída por eles para servir como capital da província romana da Dácia.

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Dácios

 

” Why did the Dacians call themselves Dacians? According to Zalmoxis,” The Vanishing God: Comparative Studies in the Religions and Folklore of Dacia and Eastern Europe by Mircea Eliade”( p.11), this source says that according to Strabo, the original name of the Dacians was daoi. A tradition preserved by Hesychius informs us that daos was the Phrygian word for “wolf.” P. Kretschmer had explained daos by the root dhäu, “to press, to squeeze, to strangle. (as the wolves use the neck bite to kill their prey)” The city of Daous-dava, in Lower Moesia, between the Danube and Mount Haemus, literally meant “village of wolves.” Formerly, then, the Dacians called themselves “wolves” or “those who are like wolves,” who resemble wolves. (see also Paliga, Sorin Thracian and pre-Thracian studies: , p.77). The very symbol of the Dacians was the”wolf, “(We the Thracians, by J.C. Dragan, p.3).”

http://www.british-israel.ca/Benjamin.htm

    “Por que os Dácios se chamavam de Dácios? De acordo com Zalmoxis o nome original dos Dácios era Daoi. Uma tradição preservada por Hesíquius nos informa que Daos era a palavra frígio para “lobo”. P. Kretschmer explicou Daos tem a raiz dhäu, “pressionar, apertar, estrangular”. (Como os lobos usam a mordida no pescoço para matar suas presas)” A cidade de Daous-dava, na Baixa Moesia, entre o Danúbio e Monte Haemus, literalmente significava “aldeia de lobos”. Antigamente, os dazianos chamavam-se “lobos” ou “aqueles que são como lobos”, que se assemelham a lobos. (ver também estudos de Paliga, Sorin Trácia e pré-trácio:, p.77). O próprio símbolo dos dácios era o “lobo” (We the Thracians, de J.C. Dragan, p.3)”. Relação essa que pode ser devido o símbolo de Benjamim ser um lobo.

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Moeda Dácia com Lobo

 

Tribo de Benjamim na Rússia

    Os Dácios avancaram então para o Norte. Stephen Collins explica: Nós acreditamos que a origem da Russa é da tribo de Benjamin. Os Vikings invadiram e instalaram-se na moderna Ucrânia e na Rússia ocidental. A National Geographic  fez este comentário sobre suas incursões orientais: “No início do século IX, eles [os vikings] estavam navegando no Volga e no Dnieper para alcançar os mercadores do califado abássida. Em 860 eles atacaram Constantinopla …”

A Enciclopédia Britânica observa que o termo “Rússia” está ligado ao termo “Russ”, um nome dado aos nórdicos Vikings do século X AD que migraram da Escandinávia para as regiões de Novgorod e Kiev. O nome “Rússia” tem origem escandinava / vikings, não eslava, embora a Rússia moderna seja hoje predominantemente eslava. O nome Viking, Russ, pode muito bem revelar uma origem benjaminita, pois um dos filhos (e clãs) de Benjamim recebeu o nome de “Rosh” (Gênesis 46:21). Encyclopaedia Britannica, 1943 Ed., Vol. 19, Russia:Origem do Russ, p. 712. Os “Rosique-Rausic”ou derivações com Rosich podem significar “provenientes de Rus”.

http://www.british-israel.us/189.html

http://www.israelite.info/commentary/collins-articles/benjaminlatterdays.html

 

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Cidade de Rosh

 

Realeza Russa 

      BENJAMIM teve um filho chamado “ROSH” (Gen. 46:21) ou “ROXALANI”, “o mais ao norte de todos eles” (Strabo 3: 223) que é BELARUS (RUSSIA). Toda a família real russa da Casa de Rurik, nas primeiras crônicas, tem nomes puramente escandinavos. RÚSSIA (Rosh – Gn 46:21) está ligada a Tubal e Meseque em Ezequiel 38: 2, RV. RÚSSIA “é certamente derivada, através de ROSSIYA, de RUS eslavo ou ROS … um nome dado primeiramente aos escandinavos (Benjaminitas – Gênesis 46: 21) que fundaram um principado no Dnieper no século IX (Encyc. Brit. 11, 23: 869).

Eles nomearam as cidades de ROSTOV Lake (23: 755b), ROSSIENY (23: 872, B4) e ROSINSK (23: 872, I3). Outras colônias viking foram para a NORUEGA e para a ISLÂNDIA, “devorando presas” (Gn 49: 27). Na Noruega é o rio ROS (19: 800, C2). Nestor, um velho cronista monge de Kiev, relata que no meio do século IX as tribos eslavas e finlandesas que habitavam a região da floresta ao redor do Lago Ilmen, entre o Lago Ladoga e as águas superiores do Dnieper, prestaram tributo aos aventureiros militares da terra de RUS, que supostamente faz parte da SUÉCIA.

http://biblefocus.net/consider/Ezekiel-38-Rosh-Ros-Rus-Russia/view.html

 

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ROSH

 

RAUSIC

      É uma antiga cidade localizada em Kosovo, em Pej, provável origem do sobrenome Rausic-Rosique. Conhecida como: Rausic, Raush, Raushiq, Raushiqui, Raushi, Raushic, Raushiqi, Raušić, Rrafshi, Stari Rausic, Stari Raušić, Раушић.

http://www.tageo.com/index-e-rb-v-00-d-5353.htm

https://mapcarta.com/es/13932154

      Abaixo um trecho do Fórum de Genealogias Geneanet:

“Olá, propus Geneanet para criar um fórum em torno do sobrenome “Rosic”. Eu gostaria de saber mais sobre as origens e variantes do mundo. De minha parte, meu sobrenome “Rosić” vem da Sérvia … e eu gostaria de saber mais.
Eu sei que há também o sobrenome “Rosic” (ou “Le Rosic”) na Bretanha. Existe na Espanha e na França o sobrenome “Rosique”, que viria da antiga família de origem francesa “Rausic” (de acordo com www.rosique.net ).
A “Rosić” Wikipedia (en.wikipedia.org) oferece variantes “ROSICH”, “Rositch”, “Rositsch”, “Rossich”, “Rossitch”, “Roszics”, “Rusich” e cita “Rosice”.
Em qualquer caso, de acordo com a Wikipedia, parece que “Rosić” (Росић cirílico) é de origem eslava “Rus”. Rus é uma antiga região da Europa Oriental, que teria dado a palavra “Rússia”.
… saúdo todos os seus comentários!
Jonathan R.”

https://www.geneanet.org/forum/viewtopic.php?t=347088

 

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Escudo de Madeira com 3 Rosas

 

Na antiguidade, a região de Kosovo, nos Bálcãs, era conhecida como Dardânia e desde o século I fazia parte da província romana da Mésia. De c. 700 a 1455, a região de Kosovo tornou-se parte do Império Búlgaro, do Império Bizantino e, em seguida, pelos estados da Sérvia medieval, nomeadamente Ráscia (e sérvio cirílico: Рашка). Foi então conquistado pelo Império Otomano.

 

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O nome Kosovo é derivado do nome sérvio para “Corvo” (kos) e Kosovo é assim “a terra do corvo” enquanto o nome de Metohija denota uma região de mosteiro, a região em que o Patriarcado sérvio de Pec, (“Petch”) e os mosteiros sérvios velhos são localizados.

      Peć ou Pejë (em albanês: Pejë ou Peja; em sérvio: Пећ or Peć; turco: İpek) é uma cidade no oeste de Kosovo, e o centro administrativo do distrito homônimo. O município ocupa uma área de 602 km², incluindo a cidade de Peć e 95 aldeias; é dividido em 28 comunidades territoriais. A partir de 2011, todo o município tinha uma população de cerca de 95.723, dos quais cerca de 60.000 vivem na cidade de Peć.

 

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Rausic

 

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Monastéiro Decani – Rausic

 

Significado de Rausic-Rosic

      Rosic (Rosic’) é uma palavra de origem Eslava que significa “de origem de Rus”. Portanto podemos supor que Rosique (adaptação catalã para Rausic) significa de origem da terra de RUS (povo Viking).

https://en.wikipedia.org/wiki/Rosic

     No artigo abaixo: “750 anos de Apellidos Alcovereses”, que mostra a origem dos sobrenomes em Alcover, próximo a Tarragona, onde se localizavam os Rosique, foram pesquisados os “Arquivos Históricos de Tarragona” (um dos arquivos mais antigos da Catalunha). É citado a “Família Ros”, que tem muitas ligações com os Rosique, identificando essa família com origem em Perpiñan (Norte da França), onde supostamente possam ter habitado os Rausic.

...ROS.  ano 1316. “De color rubio”. Dícese también del rocío en catalán medieval. Procede de Perpiñán (Francia).

...ROSICH. ano 1721. Derivado del latín “Rodericus” que se transformó en “Rouric” y que, a su vez, en la Edad Media, dio lugar a lecturas que terminaron originando “Rosich”.
Algo semejante a loque ocurre con el nombre de la población de El Rourell que en
ocasiones lo hemos visto escrito “Raurell” y “Rousell”…

http://www.raco.cat/index.php/ButlletiCEA/article/download/208132/29080

 

 RUS

    Originalmente, o nome Rus (no alfabeto cirílico Русь, transl. `Rus’) referia-se ao povo Rus, à região homônima e aos Estados medievais (séculos IX-XII) formados pelos territórios divididos atualmente entre a Bielorrússia, a Ucrânia, e parte da seção europeia da Rússia.

O nome da Rússia (Rossiya), que passou a ser utilizado no século XVII, vem do grego Ρωσία (transl. Rossía), que por sua vez é derivado de Ρως, uma designação arcaica usada pelos gregos para o povo de Rus.

Um dos primeiros escritos que mencionam o povo chamado Rus ( Rhos) data de  839 nos “Annales Bertiniani”.

” According to the most prominent theory, the name `Rus’, like the Finnish name for Sweden (Ruotsi), is derived from an Old Norse term for “the men who row” (rods) as rowing was the main method of navigating the rivers of Eastern Europe, and that it could be linked to the Swedish coastal area of Roslagen (the rowing crews) or Roden, as it was known in earlier times. The name Rus’ would then have the same origin as the Finnish, Estonian, Võro and Northern Sami names for Sweden : RuotsiRootsiRoodsi and Ruoŧŧa. It is remarkable enough that the local Finnic and Permic peoples in northern Russia proper use the same (`Rus-related) name both for Sweden and Russia(depending on the language): thus the Veps name for Sweden and Swedish is Ročinma / Ročin, while in the neighboring Komi language the etymologically corresponding term Ročmu / Roč means already Russia and Russian instead.

The Danish scholar Tor Karsten has pointed out that the territory of present-day Uppland, Södermanland and East Gothland in ancient times was known as Roðer or roðin. Thomsen accordingly has suggested that Roðer probably derived from roðsmenn or roðskarlar, meaning seafarers or rowers. Ivar Aasen, the Norwegian philologist and lexicographer, noted Norwegian dialect variants RossfolkRosskarRossmann.

George Vernadsky theoretized about the association of Rus and Alans. He claimed that Ruxs in Alanic means “radiant light”, thus the ethnonym Roxolani could be understood as “bright Alans”. He theorized that the name Roxolani a combination of two separate tribal names: the Rus and the Alans.Rus were closely associated with the Alans in the Sarmatian period.

One of two rivers in Ukraine, the Ros and Rusna, near Kiev and Pereyaslav, respectively, whose names are derived from a postulated Slavic term for “water”, akin to rosa (dew), rusalka (water nymph), ruslo (stream bed). (A relation of rosa to the Sanskrit rasā́- “liquid, juice; mythical river” suggests itself; compare Avestan Raŋhā “mythical stream” and the ancient name of the Volga River, Ῥᾶ , from a cognate Scythian name.)”

https://en.wikipedia.org/wiki/Rus%27_(name)

 https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-41908732

https://www.britannica.com/topic/Rus

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EMMANUEL RAUSIC

    Pelo que foi apresentado,  se iniciou com os hebreus que formaram as 12 tribos de Israel e conquistaram a Canãa, onde a menor tribo, a de Benjamim, após voltar do Exílio Babilônico se instalou na região da Galiléia e depois migrou para Ásia Menor (Dácios) e para o norte fundando Reinos Vikings e a Rússia (Rus – Rosh). Os Rausic, provenientes de uma cidade Sérvia (região de Pej) de mesmo nome, migraram para o norte da França (Perpignan?) no século XII-XIII, onde um nobre com nome de EMMANUEL RAUSIC veio habitar.

      Emanuel: Significa “Deus (está) conosco”.

Emanuel se originou a partir do termo hebraico Immanuel, composto pelos elementos immánu, que significa “conosco”, e El, que quer dizer “Deus” ou “Senhor”. Significa “Deus (está) conosco”.

Este nome é conhecido por ser uma das formas utilizadas para chamar Jesus Cristo, conforme as profecias messiânicas descritas pelo profeta Isaías no Antigo Testamento da Bíblia.

Este nome é utilizado na Inglaterra desde o século XVI nas formas Emmanuel e Emanuel. Mas, o mesmo não se tornou muito comum nesse país, sendo adotado principalmente entre os judeus.

 

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Escudos Franceses

 

FRANÇA

      A França na Idade Média, que ocupava uma área correspondente à França do presente, é um período histórico cronológico que surgiu com a morte de Luís I, o Piedoso em 840 e durou até a metade do século XV. A Idade Média na França foi marcada por:

  1. Frância Oriental (843–987), as invasões viquingues e a dissolução pacífica do Império Carolíngio por autoridades locais,
  2. O surgimento do sistema Feudal com servos e a relação de suserania e vassalagem,
  3. O crescimento da região sob poder da dinastia capetingia (987–1328) e suas lutas contra as expansões normanda e angevina,
  4. Um período de efusão artística e literário do século XII até o XIV,
  5. A ascensão da Casa de Valois (1328–1589), a longa crise dinástica da Guerra dos Cem Anos com o Reino da Inglaterra(1337–1453) e a catastrófica epidemia da peste Negra (1348), e
  6. a expansão da nação francesa no século XV e da criação de um senso de identidade francês.
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França em 1223

 

Perpignan

       A Família ROS, que tem muitas ligações de migrações e casamentos com os Rosique aparecem em fontes em 1316, provenientes de Perpiñan (França). De significado “De color rubio, del rocío” em catalão medieval.

      Perpinhã ou Perpinhão (em francês Perpignan e em catalão Perpinyà) é uma cidade e comuna da França. Está localizada no departamento dos Pirenéus Orientais, sendo a capital de departamento mais meridional da França continental.

A cidade foi a capital continental do Reino de Maiorca nos séculos XIII e XIV, e mais tarde foi a capital da província de Rossilhão.

Nos últimos anos a cidade tem-se promovido com o slogan Perpignan la Catalane (em francês) / Perpinyà la Catalana (em catalão). Em 2008 foi distinguida como Capital da Cultura Catalã. A 11 de Junho de 2010 as autoridades camarárias aprovam, por unanimidade, a Carta Municipal para a língua catalã, estabelecendo este idioma co-oficial com o francês.

A cidade é conhecida por tera  catedral de São João Batista e o Palácio dos reis de Maiorca.

 

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JUDEUS NA FRANÇA

       As fronteiras da França moderna são semelhantes às da antiga Gália, nome utilizado pelos romanos para o território na Europa Ocidental habitado pelos gauleses. Os romanos anexaram o corredor do rio Ródano (Rhône) e o Languedoc, em 125 antes da Era Comum, e, em meados do século 1 a.E.C., Júlio César se apodera de toda a Gália. Sob o domínio de Roma, a região se torna local de exílio para os políticos caídos em desgraça e, entre eles, alguns judeus. Tratava-se, no entanto, de casos individuais.

O número de judeus começa a crescer na região da atual França a partir do século 1 da E.C., depois de Roma ter sufocado brutalmente as revoltas judaicas, nos anos 70 e 135, na Judéia. Iniciava-se a Diáspora e a Gália foi uma das terras onde os exilados se estabeleceram. Recentes achados arqueológicos confirmam uma antiga tradição sobre a chegada de judeus em terras francesas. Segundo esta, após a destruição do Segundo Templo, três embarcações abarrotadas de prisioneiros judeus foram deixadas pelos romanos em mar aberto, entregues à própria sorte. Milagrosamente, aportaram na costa francesa; uma em Arles, outra em Bordeaux e a terceira em Lyon.

 

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Judeus

 

Judeus vindos de outras regiões do Império também acabaram por se estabelecer na Gália, já havendo, nos séculos 1 e 2, vários assentamentos judaicos. Achados arqueológicos – um selo comunitário encontrado em Avignon e um anel, em Bordeaux, com a cravação de uma peculiar menorá de sete braços – comprovam essa presença.

Seu número cresce ainda mais após o cristianismo se tornar a religião oficial do Império Romano, em 391. Como os gauleses opunham grande resistência ao processo de cristianização, os judeus não eram afetados pelas decisões adotadas pela Igreja cristã em relação a eles. Assim sendo, continuavam a gozar dos direitos e privilégios decorrentes de sua cidadania romana, concedida em 212. Tais direitos incluíam a liberdade de culto e de exercício das mesmas atividades econômicas e comerciais que os demais cidadãos romanos, inclusive na agricultura e vinicultura.

 

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Judeus Franceses

 

No século 4 havia judeus em cerca de 35 localidades, principalmente ao longo do litoral mediterrâneo, como Marselha e Narbonne, nas grandes rotas de comércio, como Clermont-Ferrande e Poitiers, e nos centros da administração romana. Em Antibes, Lyon, Poitou-Charente e Narbonne foram encontrados nas inscrições tumulares desse período nomes judaicos.

No século 5, os francos, um dos povos germânicos que invadiram o Império Romano do Ocidente, conquistaram o norte da Gália. A região resistira à cristianização até a conversão, em 498, de Clóvis, rei dos Francos. Com esse ato, Clóvis alcançou, em grande parte, seu objetivo de unificar o reino. Contudo, as diferenças regionais ainda persistem, principalmente entre a região Norte e a Sul, onde a evangelização continuava encontrando grande resistência.

Em seu livro “História dos Francos”, Gregório de Tours (538-594) menciona assentamentos judaicos em Orléans, Paris, Clément e Marselha. Em um primeiro momento, a cristianização não modificou a vida dos judeus, especialmente porque as restrições ditadas pela Igreja não eram rigorosamente aplicadas. O estatuto jurídico também não se modificara e eles permaneceram em pé de igualdade com os demais habitantes. O relacionamento com a população não-judaica continuava sendo amistoso. Relatos da época atestam a participação do clero cristão nas festividades da comunidade e os costumes judaicos eram tão difundidos que o Concílio de Orléans, em 539, considera necessário alertar seus fiéis contra as “superstições judaicas”.

Com o afluxo de judeus vindos da Itália e de outras partes do Império Romano, cresce, no século 6, o número dos que viviam no território da atual França, inclusive em Paris. Os achados arqueológicos confirmam a existência de várias sinagogas. Mas, à medida que cresce a pressão da Igreja para que os judeus fossem afastados do convívio com a sociedade maior, há uma sensível deterioração de sua vida.

 

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Judeus na França

 

No início do século 7, houve expulsões localizadas e tentativas de conversão forçada. Ainda assim, sua situação era bem menos grave do que na Espanha Visigoda, onde, após a conversão de seus reis ao catolicismo, iniciou-se uma onda de perseguições e, em 613, de conversões forçadas. Inúmeros judeus se refugiaram na Provença. São desse período as primeiras inscrições judaicas encontradas na França, mais precisamente em Narbonne, onde os judeus da cidade, em sua maioria comerciantes, eram muito bem vistos pela população local.

O domínio carolíngio foi uma época de ouro para os judeus da França. A dinastia carolíngia teve início em 752, com a subida ao trono de Pepino, o Breve, filho de Carlos Martelo, responsável por interromper o avanço muçulmano na Europa medieval, em 732, na Batalha de Poitiers. Com a morte de Pepino, o Breve, torna-se rei seu filho Carlos Magno (768-812). As campanhas militares do novo rei subjugaram grande parte da Europa e, no ano de 800, Carlos Magno foi coroado primeiro Imperador do Sacro Império Romano, pelo Papa Leão III.

 

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Miniatura Francesa, 1278 dC

 

Apesar de ser grande defensor da Igreja, Carlos Magno manteve um estreito relacionamento com os judeus, o que fez crescer a população judaica em território da atual França.

As relações entre o Imperador e os judeus – os favores e proteção que ele estendeu a eles – são cercadas por lendas. Uma destas conta que, após tomar Narbonne, o imperador teria dividido a cidade em três, entregando uma ao conde, uma ao bispo e outra aos judeus. Os historiadores acreditam ser mais provável que essa outorga tenha ocorrido durante o reinado de Pepino, o Breve, mas esse tipo de transferência é muito comum nas chansons de geste do período, que procuravam enaltecer a figura de Carlos Magno.

Ainda há uma tradição judaica que afirma que Carlos Magno foi o responsável por incentivar, na França, os estudos judaicos, trazendo da Babilônia para Narbonne o Rabi Machir, cujos descendentes lideraram durante gerações a comunidade dessa cidade.

Poliglotas e com extensas conexões com outras comunidades judaicas da Diáspora, os judeus comprovaram sua importância para o jovem Império. Participavam ativamente da vida econômica e podiam ser encontrados em todas as esferas governamentais, fossem em posições subordinadas, tais como cobradores de impostos, ou nas altas esferas do poder. Tal foi o caso de Isaac, o Judeu, que Carlos Magno enviara como embaixador à corte do Califa Harun al-Rashid, da dinastia abássida. Havia judeus atuando como fornecedores da Corte Imperial, outros como administradores das finanças de instituições religiosas católicas. Apesar de não mais praticarem a agricultura em grande escala, pois a Igreja se tornara proprietária de grande parte das terras, ainda havia judeus nessa atividade, e eles se destacavam em especial no cultivo de videiras nos vales do Rhône, do Saône e na região de Paris.

Num mundo profundamente dividido entre cristãos e muçulmanos, os judeus se haviam tornado importantes mediadores comerciais. Eram os comerciantes judeus, conhecidos como radanitas – do hebraico rad’hani, que, na Idade Média, ligavam a Europa ao Levante. Eles exportavam escravos, peles e sedas para a Itália, Espanha e os países do Levante, importando especiarias, bordados, bálsamos, tâmaras e metais preciosos. Os principais centros desse comércio de luxo estavam localizados em Meuse e Narbonne.

 

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Judeus

 

No reinado de Carlos Magno, os judeus continuam a se beneficiar da lei romana e a desfrutar o privilégio da autogestão de suas comunidade segundo a lei e os costumes judaicos, em troca do pagamento de um imposto. Ademais, o imperador passa a lhes assegurar proteção e privilégios através da emissão de cartas de privilégios. Entre as várias disposições, estava a igualdade em termos judiciais, inclusive sendo seu testemunho aceito nas cortes não judaicas; e a garantia de que qualquer violência ou ofensa perpetrada contra eles seria severamente punida. Um oficial imperial, denominado Magister Judaeorum, era encarregado de supervisionar o cumprimento das determinações imperiais. Não há dúvida de que a “utilidade” dos judeus à Casa Real estava por trás de todo esse “favorecimento” por parte da Coroa.

Essa aliança unilateral e informal que surgiu entre Carlos Magno e os judeus serviria de modelo, nos séculos seguintes, para a criação de inúmeras outras. Estas, no entanto, não lhes ofereciam uma verdadeira proteção, pois todas se baseavam em sua “utilidade” para as autoridades sob as quais viviam. Respeitadas pelo poder vigente enquanto os judeus mostravam-se úteis, as alianças eram sumariamente rompidas quando já não fossem “necessários”.

O favorecimento demonstrado pela Coroa em relação aos judeus acabou fomentando grande animosidade, principalmente entre o clero. Entre outros, porque os reis carolíngios recusavam-se a ratificar decisões outorgadas por concílios. Uma forte campanha antijudaica é, então, deflagrada por Agobardo, o arcebispo de Lyon, e seu sucessor, Amolon. Os já acirrados ânimos dos cristãos inflamaram-se ainda mais com a conversão ao judaísmo, em 839, de Bodo, um diácono da corte de Luís I

Em 843, o império de Carlos Magno foi dividido entre três dos filhos de Luís I. Uma das partes, a Francia Ocidental, área correspondente à atual França, fica com Carlos, o Calvo.

 

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Carlos Magno

 

Com a divisão do Império e o enfraquecimento do poder central, a França passa a ser dividida entre as terras do rei (“Domaine Royal“) e os condados hereditários governados por senhores feudais, proprietários de terras. Em troca de sua lealdade e apoio militar, o rei reconhecia a autoridade dos senhores feudais dentro de seus territórios. Com essa pulverização do poder, dependendo da jurisdição em que os judeus viviam, variavam as restrições e tributação que lhes eram impostas.

Ademais, na ausência de um poder central, cresce, na França e em toda a Europa, a influência da Igreja sobre a sociedade. Na Idade Média, a Igreja Católica era a instituição maior – mais poderosa e duradoura que todas as Coroas. Desde o século 4, a Igreja passara a atribuir aos judeus a suposta “culpa” pela morte de Jesus. Este fato impregnara profundamente o pensamento e o imaginário dos povos da Idade Média cristã, provocando, contra os judeus, recorrentes manifestações de desprezo, hostilidade e violência.

A  população judaica se torna alvo de medidas cada vez mais restritivas, e o clero, especialmente seus escalões mais baixos, passa a incitar cada vez mais as massas contra os judeus. Em 883, o Concílio de Toulouse ratifica as restrições e humilhações públicas contra os judeus determinadas por concílios anteriores. Como, por exemplo, a bofetada pública que o líder da comunidade judaica de Toulouse era obrigado a receber anualmente. O castigo era por causa da suposta ajuda que os judeus deram aos sarracenos para conseguir ocupar a cidade. Não importava o fato de que Toulouse jamais fora ocupada por árabes.

Ainda assim, os judeus continuavam integrados à sociedade não-judaica e, diferentemente dos servos, eram livres de escolher onde viver.

A história dos judeus na França Medieval não pode ser reduzida apenas a uma série de perseguições e expulsões. Tampouco é uniforme, pois varia de um governo a outro, de região a região, sendo que as diferenças entre as comunidades do Norte e Sul se tornam cada vez mais acentuadas.

A partir do domínio carolíngio as comunidades judaicas francesas entram em um período de florescimento econômico, cultural e espiritual. São erguidas novas escolas, sinagogas, cemitérios e hospitais para leprosos. Até o século 10, a vida judaica era regulada pelos min’haguim, os costumes, e pela Torá, ensinada no idioma vernacular. Eram poucos os judeus que conheciam o hebraico e o latim era usado até mesmo durante os serviços religiosos nas sinagogas. A comunidade judaica que mais se destacava por seu conhecimento do judaísmo era a de Narbonne, que mantinha fortes vínculos com as academias da Babilônia.

A partir da segunda metade do século 10 floresce no norte da França a vida espiritual judaica e, no final do século, chegam à França os primeiros manuscritos do Talmud. Nesse período é criada, em Mainz, importante escola talmúdica.

 

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Destacados expoentes do pensamento medieval judaico surgem entre os judeus do norte da França. Entre esses, o Rabi Guershom ben-Yehuda, conhecido como “Luz do Exílio” (em hebraico, Me’or ha-Golá) – (c. 960-1030). Seus decretos, takanot, iriam marcar profundamente a vida de nosso povo. Entre outros, foi ele quem proibiu a poligamia e a concessão do divórcio sem a concordância da esposa. Em meados do século seguinte, em Limoges, surge o Rabi Yossef ben Samuel Tov Elem (Bonfils), responsável por moldar o estilo de vida judaico e a tradição haláchica na França e na Alemanha.

Para as comunidades judaicas do Condado de Champanha, o século 11 foi um período de grande prosperidade. A região, que não fazia parte do Domaine Royal, tivera grande desenvolvimento comercial e as feiras do condado se tornaram famosas por toda a Europa. Sob os Condes de Champanha os judeus podiam atuar em todos os setores da economia. Eram comerciantes, artesãos e ainda agricultores, principalmente na vinicultura. O bem-estar econômico da população judaica foi acompanhado por uma efervescência cultural e espiritual.

É nesse período que surge, em Champanha, um dos maiores sábios da história judaica de todos os tempos, Rabi Solomon ben Itzhak (1040-1105), mais conhecido como Rashi. Nascido em Troyes, deixa marca indelével na interpretação e no pensamento judaico. Legislador, exímio erudita, grande linguista, foi o primeiro a escrever em “tzarfati”, a língua judeu-francesa. Seu maior feito foi escrever comentários e elucidações sobre a Torá e o Talmud, que facilitaram sobremodo o seu estudo e compreensão.

Logo após ter escrito seus comentários, os genros, netos e discípulos de Rashi passaram a produzir importantes complementos – tosafot – aos mesmos. Conhecidos como Tosafistas, eles escreveram críticas e notas explanatórias sobre o Talmud. Entre os mais famosos estão o Rabi Samuel ben Meir– o Rashbam (1085-1158), e Rabi Yaacov ben Meir – o Rabeinu Tam (1100-1171) (v. Morashá no 70), ambos netos de Rashi; Rabi Itzhak, Ri, o Velho (1120-95) e Rabi Samson de Sens (1150-1230 ); Rabi Yehuda Ben Shmuel, Ha-Chassid e Rabi Simcha ben Shmuel de Vitry compôs o Machzor de Noyou de Vitry, o primeiro livro litúrgico dos judeus do norte da Europa. Tão importante quanto os demais foi Rabi Yehuda Leon (1166-1224), Rosh Ieshivá da Escola de Paris.

Assim como no norte da França, a partir do século 11 os estudos judaicos alcançaram grande proeminência no sul do país. Floresceram principalmente entre os judeus da Provença, em Arles, Béziers, Lunel, Marselha, Montpellier, Nimes, Posquières, St. Gilles e, principalmente, em Narbonne. Em meados do século, a Ieshivá de Narbonne era dirigida pelo Rabi Moshe, o Pregador (Moshé, ha-Darshan). Citado com frequência por Rashi, ele foi um dos mais importantes nomes nos estudos exegéticos3.

A Provença foi, também, um solo fértil para a filosofia e o misticismo judaicos. É lá que surgem os primeiros grandes cabalistas, entre os quais, Rabi Itzhak, o Cego. Ele vivia em Posquières e escreveu um comentário sobre o Sefer Yetzirá, o Livro da Criação – um dos pilares da Cabalá.

A proximidade com a Espanha fez da Provença local de refúgio para judeus espanhóis em épocas de perseguições. Entre eles, destacam-se duas famílias, os Kimhi, que se estabeleceram em Narbonne, e os Ibn-Tibon, em Lunel, principais responsáveis pela influência árabe-judaico espanhola na Provença. O Rabi Yehuda ben Shaul Ibn-Tibon iria liderar uma geração de tradutores, que disseminou no mundo Ocidental o conhecimento científico desenvolvido na Espanha por árabes e judeus.

É a partir desse florescimento espiritual e cultural, registrado tanto no Norte quanto no Sul, que o judaísmo francês se tornaria um dos principais polos do judaísmo universal.

As Cruzadas e suas consequências

    Em 1096, em meio a um clima de fervor religioso, milhares de cristãos atendem o apelo do Papa Urbano II para libertar Jerusalém do domínio islâmico.

Na história dos judeus da França, a 1ª Cruzada não foi um marco determinante como o foi na Alemanha ou em outros países. No entanto, foi em território francês, precisamente em Rouen e Metz, que ocorreram as primeiras perseguições e conversões forçadas. Em Rouen, os cruzados trancafiaram os judeus em uma igreja, exterminando-os lá mesmo. Somente foram poupados os que aceitaram o batismo. Foi ainda nessa cidade que Godofredo de Bouillon “justificou” a perseguição cruzada aos judeus com as seguintes palavras: “Se nosso desejo é lutar contra os inimigos de D’us, por que ir até Jerusalém atacar os infiéis muçulmanos se os judeus estão aqui, entre nós?”. O fervor religioso aliado à sedutora promessa de pilhagem impune foi posto em prática em várias cidades da França, onde a violência contra os judeus somente foi interrompida após o pagamento de um pesado suborno a Godofredo de Bouillon.

 

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Godofredo de Bouillon

 

Para os judeus, as consequências da 1ª Cruzada foram nefastas e duradouras, pois desencadearam contra eles uma tradição de violência organizada e explosões populares de ódio. Em 1144, quando é convocada uma nova Cruzada, apenas a intervenção do abade Bernard de Clairvaux conseguiu frear as perseguições. Nos séculos seguintes, os cruzados repetidamente colocam milhares de judeus entre a cruz e a espada: a conversão ou a morte. A grande maioria optou por morrer em Santificação do Nome Divino (Al Kidush HaShem).

 

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Bernard de Clairvaux

 

Foi nesse contexto de verdadeira histeria popular que se fabrica o mito de que os judeus praticavam o assassinato ritual. A primeira acusação aconteceu em 1144, em Norwich, na Inglaterra. Em 1171, é lançada essa acusação contra os judeus de Blois, na França, e as autoridades queimaram 31 deles em praça pública. Acusações similares foram registradas em Loches, Pontoise, Joinville e Èpernay, deixando um rastro de mortandade.

Nem todas as consequências das Cruzadas, no entanto, foram negativas. No século 12, o contato dos europeus com os povos orientais criou, na Europa, a demanda por produtos do Levante. Com a rápida evolução do comércio, o escambo cede lugar ao pagamento em moeda. Com a monetização da economia, surge a necessidade de dinheiro em espécie, assim como de agentes econômicos para atender as novas necessidades financeiras que surgiam. Os judeus tiveram um papel importante nesse novo contexto. Pois, se de um lado as determinações da Igreja lhes haviam fechado a possibilidade de atuar na maioria das atividades comerciais, havia, do outro, a proibição aos cristãos de emprestar dinheiro a juros. Essa proibição recebeu maior ênfase após o 4º Concílio de Latrão, em 1215. O papel dos judeus como agentes financeiros, no entanto, tem sido exagerado ao longo da história, pois, apesar de todas as proibições, os grandes provedores de dinheiro na Europa medieval, não foram eles, mas sim os lombardos, caorsinos e flamengos.

Na França, antes do século 13, eram relativamente poucos os judeus que viviam do empréstimo de dinheiro, tampouco havia entre eles detentores de recursos comparáveis aos dos grandes financistas judeus que viviam nos países muçulmanos, Espanha ou Inglaterra. O número de judeus envolvidos no comércio de dinheiro cresceria substancialmente nos séculos 13 e 14, à medida que lhes são proibidas outras formas de ganharem o sustento. Apesar de a maioria deles ficarem limitados ao papel de pequenos prestamistas, os mais abastados passam a suprir as crescentes necessidades monetárias de príncipes e nobres.

Degradação da vida judaica no século 13

      Na França a deterioração da condição judaica foi acontecendo em paralelo ao processo de centralização do poder e da unificação das terras reais. Cada vez mais necessitada de recursos monetários para levar avante sua luta pela unificação do reino, a Coroa via os judeus e suas atividades financeiras, pesadamente tributadas, como fonte inesgotável de renda. Por essa razão, tolerava sua presença e, indiretamente, apoiava suas atividades. No entanto, essa mesma necessidade de recursos iria selar o destino da comunidade judaica da França.

Felipe II, conhecido como Felipe Augusto, foi o primeiro a estabelecer as bases de um reino francês unificado. Apesar de nutrir um ódio profundo pelo Povo Judeu, as ações que perpetrou contra eles foram ditadas, principalmente, por considerações econômicas. Em 1181, aprisionou aqueles que tinham posses e que viviam em Paris, libertando-os após o pagamento de um enorme resgate. No ano seguinte, 1182, decretou a expulsão de todos os que viviam em seu reino. Seu intuito era apossar-se dos bens e propriedades de todos os judeus e, com isso, ganhar apoio popular, pois a ideologia antijudaica já contaminara todas as camadas da sociedade cristã.

 

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Coroação de Felipe Augusto

 

O número de judeus afetados por essa expulsão foi relativamente pequeno. Eram poucas as terras sob domínio real e, ademais, o rei não tinha autoridade sobre os nobres das províncias vizinhas, onde os exilados encontraram refúgio. Não demorou a que a Coroa percebesse que os ganhos resultantes da expulsão não eram suficientes para repor as perdas fiscais decorrentes de sua partida. Ademais, como os judeus se haviam refugiado nos territórios dos nobres, os rendimentos fiscais que o rei obtinha com eles agora tinham passado para seus rivais.

Em 1198, Felipe Augusto decide trazê-los de volta a seu reino, extorquindo-os ao máximo. Concede-lhes autorização para voltar a conceder empréstimos a juros, mas coloca todos os seus negócios sob controle governamental. Desprezados, mas extremamente valiosos, a Coroa queria assegurar seu poder sobre aquela comunidade. Naquele mesmo ano, o rei e os nobres assinam acordos pelos quais se comprometem a “devolver” os judeus que tinham acolhido em suas terras e, no futuro, os que deixassem os domínios reais ou terras de outros senhores. A partir desses acordos, os judeus estavam sob o controle de seus senhores e privados de qualquer liberdade. Os reis e senhores feudais costumavam referir-se a eles como “meus judeus”, da mesma maneira e com o mesmo tom com que diziam “minhas terras”, dispondo deles a seu bel-prazer.

Apesar de ocorrer uma lenta e gradual degradação no status social da comunidade, o maior responsável por reduzir os judeus da França à condição de párias foi Luís IX, posteriormente canonizado como São Luís. Durante seu reinado, marcado por uma intolerância religiosa jamais vista, a Igreja pôde dar livre vazão a seu desejo de regulamentar a vida judaica, já que tinha o beneplácito irrestrito do Rei. Pode-se afirmar com segurança que sua política antijudaica foi fundamental para sua canonização.

 

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Luís IX

 

Luís IX foi o único monarca a obedecer a ordem papal de confiscar o Talmud – a ordem era queimar todos os livros que contivessem qualquer tipo de “heresia”. E, em junho de 1240, o Rei realiza, em Paris, o “julgamento” do Talmud.

 

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Queima do Talmud

 

O tribunal eclesiástico considera a obra sagrada “culpada”, condenando-a à fogueira. Em 1242, centenas de volumes manuscritos são queimados em praça pública.

Durante o reinado de Luís IX, a comunidade judaica foi alvo constante de uma agressiva campanha de conversão. Em 1254, são proibidos de conceder empréstimos a juros, privando muitos de sua principal fonte de subsistência e, em 1269, seguindo determinação do Concílio de Latrão, ordena o uso da rouelle em suas roupas. Todos esses eventos eram o fim da relativa tolerância da Igreja com os judeus que viviam em seu redor.

Luís IX e seu irmão, Afonso de Poitiers, rivalizavam em seus métodos brutais de extorsão judaica. O Rei, com “escrúpulos” de se beneficiar dos proventos ganhos através do “pecado” da usura, dedicava todo o dinheiro extorquido aos judeus para financiar sua participação na Cruzada. Sob as mesmas alegações de piedade cristã, Afonso encarcerou todos os judeus de suas províncias para que pudesse pôr as mãos em suas posses com maior liberdade.

Hostilizados e perseguidos, muitos judeus passaram a procurar refúgio fora dos domínios reais. Mas, mesmo em condados que não estavam diretamente sujeitos à autoridade da monarquia, ocorriam perseguições e expulsões. Ademais, à medida que a monarquia foi impondo, no Sul, o regime que vigorava no Norte, vai desaparecendo a distinção entre as condições de vida das comunidades judaicas dessas regiões, até então sujeitas a diferentes formas de governo.

A expulsão de 1306

      Apesar das dificuldades, a população judaica em toda a França crescera no século 13, vivendo, ao seu término, um período de prosperidade. São desse período a maioria das inscrições funerárias e de sinagogas e os manuscritos medievais que chegaram até nós.

A população judaica da França era, na época, cerca de 50.000 pessoas. Estima-se que 40% viviam em centros urbanos, pois a Coroa proibira os judeus de viverem em zonas rurais. Na Provença, viviam cerca de 10 mil, atingindo 15 mil às vésperas da Peste Negra, em 1348. A comunidade judaica de Paris era pequena, não chegando a 1.000 pessoas.

Com a subida ao trono, em 1285, de Felipe IV, o Belo, acelera-se a construção do Estado e, consequentemente, a demanda por reservas monetárias substanciais. A premente necessidade real por caixa fazia com que o Rei recorresse a vários estratagemas para extrair dinheiro dos judeus: “doações” forçadas, resgates, novos impostos. Eles também foram alvo de perseguições e medidas restritivas.

 

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Felipe IV, o Belo

 

Em 1288, os judeus de Troyes foram acusados de assassinato ritual. Treze dos integrantes da comunidade entregaram-se voluntariamente, para poupar os demais, e foram queimados na fogueira. E, em 1294, o Rei ordena a criação, nas cidades, de bairros especiais, não cercados, para a população judaica. Com a consolidação dos judeus em centros urbanos, Felipe, o Belo, pôde melhor monitorar seus “contribuintes” e, assim, evitar sua fuga a outros feudos.

No ano de 1306, Felipe IV determina a expulsão de todos os judeus do Reino da França e confisca suas propriedades. Uma série de medidas semelhantes já se haviam abatido sobre os judeus europeus, que haviam sido expulsos da Inglaterra e da Gasconha, em 1290, e de vários locais na Alemanha e na Itália.

Na França, a expulsão afetou cerca de 50 mil  judeus (há historiadores que acreditam que foram 100 mil). Os exilados encontraram refúgio na Lorena, Alsácia, Vale do Reno e mesmo na Polônia e Hungria; no ducado da Borgonha, Dauphine, Savóia, Provença, Comtat Venaissin e Espanha. Mas, novamente, as receitas da venda dos ativos judaicos não foram suficientes para cobrir os prejuízos tributários ocasionados por sua partida. O Rei autoriza, então, a volta de alguns dos que tinham sido expulsos, permitindo que recuperassem suas dívidas desde que dessem um considerável quinhão a seus cofres.

Considerações financeiras mais uma vez levaram a Coroa a autorizar o retorno dos judeus. Em 1315, Luís X– alcunhado o Teimoso, le Hutin – permite que voltem a residir na França por um período de 12 anos. Seus privilégios foram renovados e sua proteção, assegurada. Suas sinagogas, livros da Lei (à exceção do Talmud) e cemitérios foram-lhes devolvidos mediante o pagamento de uma vultuosa taxa. Indiretamente ele os autoriza a conceder empréstimos a juros e a recuperar um terço das dívidas ativas a partir do ano de 1306, sendo que o restante iria para os cofres da Coroa. Mas eram obrigados a usar a rouelle.

Em 1320 inicia-se, na França, a “Cruzada dos Pastores”, um movimento que incluía principalmente jovens, mulheres e crianças e pretendia lutar contra os mouros na Espanha. Mas, em seu caminho, seus alvos principais eram os judeus, a quem atacaram em Saintes, Verdun, Cahors, Albi e Toulouse. A essa altura a vida judaica se tornara tão difícil na França que muitos deixaram o país antes que se expirassem os tais 12 anos de permanência concedidos pelo Rei.

A Peste Negra

     O final da Idade Média foi um período de insegurança, pânico e ansiedade, com a transformação dos judeus em bode expiatório, catalizadores de todos os temores. Humilhados e proscritos pela Igreja, eles estavam ainda mais vulneráveis.

Na França cada expulsão enfraquecia as comunidades, ainda que posteriormente fossem convidados a retornar.  Ademais, em virtude de sua especialização nas práticas financeiras de empréstimos a juros, particularmente no norte da França eram alvo de uma camada específica da sociedade que constituía a sua clientela. Especialmente em períodos de escassez de alimentos e crises econômicas eles eram vítimas do ódio da população. Para se entender a percepção do judeu no imaginário popular, basta dar uma olhada na literatura medieval. Eles eram colocados no mesmo nível que os demônios e os tiranos, contrapondo-se aos santos e piedosos.

Em 1348-49, durante a Peste Negra que devastou a Europa e acabou por dizimar 25 milhões de pessoas, os judeus foram acusados de causar e propagar o flagelo. Nos poucos locais da França – fora dos domínios reais – onde ainda tinham permissão de viver, aqueles que não pereciam da praga eram mortos pelo populacho ou pelas autoridades. Comunidades inteiras foram dizimadas na Savóia e na Provença. Na Alsácia, os judeus foram queimados na fogueira e a comunidade de Estrasburgo foi totalmente destruída.

 

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Judeus queimados em Fogueiras

 

Na década seguinte não havia, na França, sequer uma comunidade judaica organizada. Mas, em 1359, Carlos da Normandia, então o regente, necessitando de uma vultosa soma, autoriza os judeus a residirem em seu reino por um período de 20 anos, sob a condição de pagarem uma elevada quantia. Esse “convite” não encontrou muitos interessados. A peste e suas consequências haviam dizimado os judeus exilados. Além disso, poucos podiam pagar as elevadas taxas de entrada, e um número ainda menor os pesados encargos anuais. Os poucos judeus que retornaram ficaram concentrados principalmente nos territórios da Île-de-France e da Champanha.

Não há dúvida de que as grandes expulsões do século 14 tiveram profundas consequências para o judaísmo francês. Em primeiro lugar, reforçaram ainda mais a regionalização das comunidades judaicas, basicamente divididas em dois grupos distintos: as da langue d’oil, na região central e no Norte do Reino, e as da langue d’oc, com subdivisões mesmo dentro das comunidades do Sul, nas províncias autônomas.

Ademais, as expulsões resultaram numa ruptura na história dos judeus da França. Confinados a um pequeno número de áreas, relativamente distantes do restante da Diáspora judaica, já não lhes restava força suficiente para manter a notável efervescência cultural que tinham apresentado desde o século 11 e ficariam isolados da Renascença na Europa.

Alguns séculos iriam transcorrer até que o judaísmo na França voltasse a florescer, um renascimento que mudaria para sempre a história dos judeus da Europa e do Oriente Médio.
Esther Benbassa, The Jews of France: A History from Antiquity to the Present, E. Princeton University Press,1999

Hyman, Paula E. ,The Jews of Modern France (Jewish Communities in the Modern World), University of California Press, 2005

http://www.morasha.com.br/comunidades-da-diaspora-1/judeus-da-franca-na-idade-media.html

         *Ótimo texto mostrando a realidade judaica francesa na idade média.

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  ESPANHA NO SÉCULO XIII

      O nome “Espanha”, evolução da designação do Império Romano “Hispânia”, era, até ao século XVIII, apenas descritivo da Península Ibérica, não se referindo a um país ou Estado específico, mas ao conjunto de todo o território ibérico e dos países que nele se incluíam. A Espanha foi unificada durante o Iluminismo. Até então, era um conjunto de reinos jurídica e politicamente independentes governados pela mesma monarquia. Até à data da unificação, a monarquia era formada por um conjunto de reinos associados por herança e união dinástica ou por conquista. A forma de governo era conhecida como aeque principaliterː os reinos eram governados cada um de forma independente, como se tivesse, cada reino, o seu próprio rei. Cada reino mantinha o seu próprio sistema legal, a sua língua, os seus fóruns e os seus privilégios. A constituição de 1812 adota o nome “As Espanhas” para a nova nação. A constituição de 1876 adota pela primeira vez o nome “Espanha”.Os termos “as Espanhas” e “Espanha” não eram equivalentes e eram usados com muita precisão. A expressão “As Espanhas” referia-se a um conjunto de unidades jurídico-políticas, isto é, referia-se a um conjunto de reinos independentes, primeiramente apenas aos reinos cristãos da Península Ibérica, depois apenas aos reinos unidos sob a mesma monarquia. O termo Espanha referia-se a um espaço geográfico e cultural que englobava diversos reinos independentes. A partir de Carlos V, o uso do título “rei das Espanhas”, referia-se à parte da Espanha que não incluía Portugal, mas esta designação era apenas uma forma de designar coletivamente um extenso número de reinos, uma abreviação, que não tinha validade jurídica, para uma longa lista de títulos reais cuja forma oficial era rei de Castela, de Leão , de Aragão, de Navarra, de Granada, de Toledo, de Valência, da Galiza, de Maiorca, de Menorca, de Sevilha etc. (da mesma forma utilizava-se o título Sua Majestade Lusitana para o rei de Portugal, ou rei lusitano).

 

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Escudos Espanhóis

 

Judeus na Espanha na Idade Média

 

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No ano de 1492, os judeus da Espanha que, no decorrer dos séculos, haviam adquirido mais poder econômico e político do que qualquer outra comunidade judaica medieval, foram sumariamente expulsos do país. O Édito de 31 de março, outorgado pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela, tornara o judaísmo ilegal em seus domínios e, num prazo de quatro meses, os judeus tiveram que escolher entre o exílio ou o batismo.

O Édito foi um choque. Os judeus acreditavam serem transitórias, como tantas outras, as perseguições e discriminações das quais tinham sido vítima a partir do final do século 14. Havia judeus vivendo na Península Ibérica desde a queda do Segundo Templo, e, durante os séculos, haviam sobrevivido a invasões, guerras, pogroms, ao domínio islâmico e cristão. Viveram épocas de ouro e de discriminações. Estavam convencidos de que sua proeminência em todas as esferas da vida econômica, além da presença na Corte de judeus que atuavam como administradores e conselheiros dos reis, serviriam de proteção contra a hostilidade da Igreja e do povo. Ademais, acreditavam que os Reis Católicos, nome pelo qual ficaram conhecidos Fernando de Aragão e Isabel de Castela, os protegeriam. Afinal, até 1491 e mesmo no início de 1492, depois da captura de Granada, os reis ainda nomeavam judeus para importantes postos na Corte e haviam também renovado os contratos com os judeus que arrecadavam impostos. O choque sobre a decisão dos Reis Católicos não era fruto de ilusões sem fundamento…

 

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Edito de Expulsão

 

No entanto, a expulsão foi o desfecho de um processo lento e progressivo de mais de dois séculos. Quando a Reconquista chegou praticamente ao fim, a atitude dos monarcas em relação aos judeus se transformou. Não sendo mais necessários para administrar as terras reconquistadas, os judeus passaram a ser vistos apenas como uma vultuosa fonte de renda para a Coroa.

 

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Concílio de Latrão

 

Não há dúvida de que no século 14 o poder da Igreja Católica crescera em demasia e, consequentemente, a situação dos judeus na Europa tornava-se cada vez mais difícil. Após a Igreja determinar que as heresias cristãs deviam ser vistas não apenas com um flagrante desafio às doutrinas católicas, mas também como um desafio à própria estrutura da Igreja Romana, e que deveriam ser eliminadas nem que fosse pela força, era inevitável a pergunta sobre o que fazer com a presença judaica na Europa.

A partir do Concílio de Latrão, em 1215, a Igreja passa a exigir dos governantes ações mais severas em relação à população judaica. No entanto, por muito tempo, as mesmas não foram acatadas pelos reis cristãos da Península Ibérica ainda dividida entre vários reinos autônomos.

A atitude benevolente dos monarcas com os judeus era guiada por interesses próprios. Em Castela e Aragão, por exemplo, o benefício que os reis obtinham através dos exorbitantes impostos pagos pelos judeus superavam qualquer inclinação, decorrente de convicções próprias ou pressões da Igreja ou do povo, de tomarem medidas mais drásticas.

 

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Espanha Mulçumana

 

Porém, quaisquer que fossem as atitudes da Coroa, entre as massas os sentimentos antijudaicos eram cada vez mais fortes. Ataques verbais e físicos contra judeus se repetiam, também, com frequência muito maior. Já estava impregnada no imaginário popular a figura do judeu como um ser maligno – a “encarnação do diabo”, ou, no mínimo, seus parceiros no mal, que “visavam a ruína” do Cristianismo. Para as massas, o judeu era o culpado por todo infortúnio e desastre.

Vale ressaltar, porém, que apesar do clima antijudaico, para os judeus a vida na Península Ibérica era melhor do que em outras partes da Europa, ainda que crescesse a conscientização de insegurança.

Não há como entender a expulsão de 1492 sem examinar os acontecimentos de 1391, de 1412 e 1413.

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Judeus Serfaditas

 

O primeiro desastre – o ano de 1391

O ano de 1391 foi determinante na história dos judeus na Península Ibérica. Frades franciscanos e dominicanos, apoiados pelo papado, percorriam a Península e davam sermões inflamatórios cujo intuito era a conversão dos judeus.
A instabilidade política e as pregações do Arquidiácono de Ecija, Ferrant Martinez, que vivia em Sevilha, armaram o palco para a ampla violência antijudaica que ocorreu em 1391. Agitador antissemita sem escrúpulos, Martinez iniciara, no final da década de 1370, uma violenta campanha contra os judeus. Em suas pregações, costumava “alertar” a população de Sevilha para a “iniquidade” desse povo, encorajando a violência contra seus membros.

 

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Inquisição

 

Em 1390, Martinez aproveitou a morte do Arcebispo de Sevilha e do Rei de Castela, que deixara como herdeiro ao trono um filho menor de idade, para intensificar seus ataques. Para a maioria dos historiadores, Martinez foi o principal instigador dos pogroms que, no ano seguinte, varreram a Península. No dia 4 de junho de 1391, os judeus de Sevilha foram atacados. Os pogroms espalharam-se rapidamente de uma cidade a outra, nos reinos de Aragão e Catalunha e nas Ilhas Baleares. Massas ensandecidas impulsionadas por um grande fervor religioso avançavam sobre os bairros judaicos obrigando os judeus a optar entre a cruz e a morte. Milhares escolheram a morte, mas tantos outros aceitaram batismo, sendo poupados, sem exceção. Famosas comunidades judaicas foram destruídas, como a de Gerona, sinagogas foram tomadas e transformadas em igrejas.

 

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Pogrom

 

Em Castela, como vimos acima, não havia um monarca forte, e a devastação foi terrível; poucas comunidades foram poupadas. Apenas nos Reinos de Navarra e Portugal, governados por reis poderosos, as comunidades judaicas ficaram em segurança.

Estimativas do total da população judaica, em 1391, variam amplamente, mas calcula-se que 300 mil judeus viviam na época em terras ibéricas. Após um ano de distúrbios, quando a ordem foi restaurada, um terço da comunidade havia sido assassinada; um terço havia sobrevivido como judeus praticantes, conseguindo se esconder ou fugir para terras muçulmanas, e cerca de 100 mil haviam-se convertido.

Após a devastação, os judeus tentaram reerguer suas comunidades. A de Aragão foi salva da total destruição, graças ao Rabi Hasdai Crescas, uma das principais autoridades rabínicas de seu tempo, que liderou o judaísmo espanhol durante um de seus períodos mais críticos. As aljamas foram reconstruídas e a normalidade restabelecida. Mas, para os judeus se reerguerem era necessário mais do que a reabilitação física nas juderías arruinadas. Os pogroms de 1391 haviam reduzido seus números, sua riqueza e seu moral.

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Rabi Crescas

 

O judaísmo espanhol conseguiu sobreviver nos Reinos Cristãos durante um século após a catástrofe de 1391, principalmente, por causa da determinação dos monarcas de Castela e Aragão em proteger as comunidades judaicas, e o reconhecimento por parte de cristãos, que viviam em pequenos centros urbanos, de que a presença de uma comunidade judaica lhes era favorável.

O segundo desastre – os anos de 1412 e 1413

      Os vinte anos que se seguiram após os eventos de 1391 foram de uma relativa calmaria na intensidade da perseguição. Para a grande maioria, era um indício de que havia um futuro em terras ibéricas para os judeus. Mas muitos haviam perdido a esperança e procuraram deixar a Península estabelecendo-se em volta da bacia do Mediterrâneo. (Os governos passaram a restringir a emigração judaica – não queriam “perder” seus judeus, “apenas” convertê-los.)

A Igreja Católica, por intermédio das suas campanhas contra os judeus, colocava um número cada vez maior de obstáculos na interação entre eles e os cristãos. Queria isolar a população judaica cada vez mais, querendo “preservar” os cristãosde toda “contaminação” judaica.

Nos anos de 1412 e 1413, as comunidades judaicas de Castela e Aragão sofreram novos desastres.O primeiro ocorreu em 2 de janeiro de 1412, quando, no Reino de Castela, foi imposta, pelas Cortes de Valladolid, uma lista de restrições que passaram a regulamentar as relações entre cristãos e judeus, visando minar a economia destes últimos, suprimindo suas liberdades e reduzindo-os à condição de párias. Entre outros, os judeus foram despejados de seus bairros para separá-los dos cristãos, proibidos de coletar impostos para os governantes, que era parte significativa da origem da riqueza judaica.

Os instigadores das novas leis foram o pregador Vincent Ferrer e Pablo Garcia de Santa Maria – um apóstata judeu que Ferrer convertera e que se tornara bispo de Burgos e Castela. Em decorrência da união de Castela e Leon sob um monarca, embora os reinos permanecessem separados, as leis de Valladolid eram válidas tanto em Castela quanto em Leon. Também em Aragão, Fernando I procurou estabelecer ordenações parecidas com as castelhanas contra os judeus. As novas restrições foram um grande golpe para os judeus ainda que continuassem a ser ignoradas pelas classes governantes pelo tempo que lhes conviesse. Na mesma época, com a aproximação entre o Antipapa Benedito XIII – reconhecido como Papa na Espanha, e Fernando I de Aragão, surgiu uma aliança política entre a Igreja e a Coroa contra os judeus. A “guerra contra os judeus” tornou-se uma política oficial desses dois poderes.

 

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Vicent Ferrer

 

Em 1412, Benedito XIII, com o apoio de Fernando I, ordenou que as comunidades de Aragão e Catalunha enviassem delegados para Tortosa, para que fossem debatidas em sua presença as alegações de Gerónimo de Santa Fé, um apostata judeu de nome Joshua Lorki, que dizia poder provar em fontes judaicas a autenticidade do messianismo de Jesus.

A Disputa de Tortosa, que teve início em 1413 e durou 20 meses, foi a mais longa e importante das disputas cristãs-judaicas impostas aos judeus durante a Idade Média. Essa Disputa de Tortosa, dirigida por Benedito XIII, adquire maior relevância não apenas pelo tempo que durou, mas também pelo número de autoridades eclesiásticas envolvidas: compareceram mais de 60 cardeais, bispos e outras personalidades religiosas e laicas. As fontes judaicas mencionam cerca de 20 participantes do lado judeu, sendo suas personalidades mais proeminentes os Rabis Zerahiah ha-Levi, Astruc ha-Levi, Joseph Albo e Mattathias ha-Yizhari.

 

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Disputa de Tortosa

 

A disputa não foi um debate, mas uma exibição pública, e o método utilizado não privilegiou a discussão, mas a instrução. Os judeus tinham que apenas responder aos questionamentos de Jerônimo de Santa Fé, sendo-lhes proibida a oportunidade de réplica. A disputa foi um ataque verbal cristão contra os judeus, acompanhado de pressão psicológica – a ponto de intimidação e ameaças, a fim de obrigá-los a aceitar os argumentos de seus adversários. Como afirmara Benedito XIII na abertura da disputa: “Eu não vos fiz vir aqui para provar qual de nossas religiões é a verdadeira, pois para mim é perfeitamente claro que a minha é verdadeira e que a vossa está ultrapassada”. Para os cristãos era indispensável que os judeus reconhecessem falhas na própria interpretação do Talmud, no que diz respeito ao Messias.

Os motivos que levaram a instituir a disputa são vários. As autoridades eclesiásticas queriam desmoralizar o Judaísmo, em um grande espetáculo público, e despertar o entusiasmo popular pelo Cristianismo como única religião válida, e então efetuar uma conversão em massa dos judeus.

Quanto ao desfecho da Disputa em Tortosa, historiadores concordam que a derrota judaica não foi plena. Mesmo diante das dificuldades e da grande pressão que sofreram, os judeus se comportaram com coragem, fazendo uso de argumentos dignos e sensatos. A contestação judaica aos argumentos cristãos produziu as melhores respostas oferecidas dentre todas as disputas judaico-cristãs na Idade Média.

Para a população judaica, as consequências foram bastante negativas. Enquanto os rabinos eram obrigados a enfrentar as alegações cristãs em Tortosa, os frades andavam pelas comunidades judaicas desprovidas de líderes, e, como consequência, muitos se desesperaram e se converteram. No entanto, a intenção de Benedito XIII, em tornar o Cristianismo um símbolo de identificação para todos os habitantes da Península Ibérica não se realizou.

 

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Afonso V de Aragão

 

A onda de antissemitismo, resultante da disputa em Tortosa acabou perdendo força. Quando Afonso V de Aragão assumiu o poder, tanto ele quanto João II de Castela e Leon, estavam mais interessados em assuntos seculares do que em fanatismo religioso. Ambos queriam a sobrevivência das comunidades judaicas para beneficiar seus reinos. Entre 1419 e 1422, João II, Afonso V e o Papa Martin V aboliram todos os éditos antijudaicos desde 1391, juntamente com algumas das restrições socioeconômicas. Outras restrições caíram em desuso. Algumas sinagogas e o uso do Talmud foram restituídos aos judeus.

No reino de Castela-Leon, onde viviam a maioria dos judeus espanhóis, sua população judaica conseguiu uma recuperação melhor. Ainda restavam comunidades nas principais cidades (Sevilha, Toledo, Burgos), mas os judeus estavam, então, mais dispersos por várias cidades menores.

No entanto, prejuízos irreparáveis tinham sido feito às comunidades, pelos eventos de 1391, 1412 e 1413 não tinham volta. O judaísmo espanhol jamais voltaria à condição que desfrutava antes de 1391. Mas, apesar de todas as depredações, ainda restavam vários judeus de posses nas grandes cidades, com conexões na Corte e no governo, que atuavam como líderes comunitários. Contudo, eles já não gozavam do semi-monopólio das profissões intelectuais, e os cargos que antes possuíam, agora tinham que dividir com cristãos e conversos – sendo que havia agora muitos milhares destes últimos.

 

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Expulsão de Judeus da Espanha

 

Os conversos

     A enchente de conversos do Judaísmo resultante da violência e insistente pressão exercida sobre os judeus, durante décadas, foi um verdadeiro desastre para as comunidades judaicas, e um aparente triunfo para a Igreja. Mas para o Cristianismo, foi um cálice de veneno.

Estima-se que até meados de 1415 outros 50 mil judeus se converteram, juntando-se aos 100 mil que já o haviam feito durante os pogroms de 1391.
Como resultado dessas conversões, a população judaica ficou dividida em três grupos: os que haviam permanecido judeus, os que se haviam convertido e viviam como cristãos; e os criptojudeus, que repudiavam os batismos forçados e, no segredo de seus lares, permaneciam judeus. Segundo a lei judaica, os conversos ainda eram judeus, pois as conversões forçadas não têm validade, já que um homem só pode ser responsabilizado pelas atitudes que toma por livre e espontânea vontade.

Precisa ser ressaltado que nem todos os cristãos-novos, como eram também chamados, haviam sido forçados a se converter. Alguns o haviam feito por livre vontade por acreditar na fé cristã, outros por quererem fugir da legislação discriminatória de humilhações às quais os judeus estavam submetidos e poder, assim, alcançar ambições profissionais ou comerciais. Alguns dos cristãos-novos demonstravam grande zelo por sua nova religião, e, voltando-se contra seus irmãos, foram veículo de grande sofrimento.

É difícil para os historiadores estimar o número de conversos que eram criptojudeus. O criptojudaísmo foge ao olho do historiador e escapa de todos os registros escritos. Sabemos, porém, que os conversos mantinham estreitos laços familiares e comerciais, e se casavam apenas entre si. Havia os que, no maior sigilo, frequentavam sinagogas, evitavam alimentos proibidos, jejuavam, mantinham as festas e guardavam, na medida do possível, o Shabat.

Apesar de todas as promessas da Igreja, para os novos cristãos durou pouco a ilusão de viver em paz. Logo descobriram que não podiam fugir ao antagonismo antissemita da população, que os via com uma hostilidade ainda maior do que a que existia em relação aos judeus, e se referia a eles de forma pejorativa. Chamavam-nos de marranos (porcos).

Os conversos e suas famílias tendiam a estar entre as pessoas mais cultas dos Reinos Cristãos e, apesar do preconceito que as cercava, muitas famílias de conversos prosperaram, tornando-se das mais ricas. Ao aceitar o batismo, os recém-convertidos não estavam mais sujeitos às leis que restringiam a vida dos judeus. Nos anos seguintes, vários deles galgariam posições de destaque na administração real, na burocracia civil e até mesmo na Igreja, chegando a casar seus filhos com membro da nobreza.

A rápida ascensão dos conversos provocava inveja e ressentimento, exacerbando o antagonismo cristão. Os conversos acabaram por se transformar em um problema social além de religioso. A judeufobia, o antijudaísmo religioso das massas, fundiu-se com um novo tipo de antissemitismo – o racial. Depois de 1391, o conceito de limpieza de la sangre (pureza de sangue) tornou-se incorporado na vida espanhola nos séculos seguintes. Para um cristão provar sua “pureza de sangue” devia provar que não havia nenhum judeu em sua linhagem. A política de limpieza de la sangre será adotada primeiramente, em 1449, em Toledo, onde um conflito anti-conversos conseguiu bani-los e a seus descendentes da maioria dos cargos oficiais. O objetivo do estatuto de exclusão foi impedir uma maior inserção de cristãos-novos na vida econômica e social, pois essa mistura contrariava os interesses dos cristãos-velhos.

A crescente hostilidade dos cristãos-velhos e o conceito de “limpeza do sangue” – que levaram a um isolamento dos cristãos-novos, foram fatores que levaram um grande número de conversos, assim como seus filhos e netos – nascidos nominalmente no seio do Cristianismo – a traçar o caminho de volta às suas raízes.

Ao longo do século 15 a questão dos conversos começou a preocupar os governantes e a Igreja. Num primeiro momento, as conversões em massa de judeus haviam sido vistas pelas autoridades eclesiásticas como uma vitória do Cristianismo. Elas partiam do pressuposto que, com o passar do tempo, mesmo os que haviam sido convertidos à força se tornariam cristãos sinceros. Mas, no decorrer do século, a Igreja passou a ver o grande contingente de cristãos-novos como um “um perigo oculto”, passando a querer eliminar todos aqueles cuja lealdade a seu credo não fosse confiável.

Como vimos acima, os primeiros motins contra conversos irromperam em Toledo. Em junho de 1449, os que viviam na Ciudad Real, no Reino de Castela, reagiram após terem sido atacados por cristãos-velhos, tendo a luta durado 15 dias. Os ataques se repetiram em 1464, 1467 e 1474, sendo que esse último pogrom foi particularmente grave. A intranquilidade popular causada pela hostilidade dos cristãos-velhos contra os conversos preocupava cada vez mais os governantes.

O ideólogo do antissemitismo que se abateu contra judeus e conversos espanhóis foi um franciscano, frei Alonso de Espinao superior da Casa de Estudos de Salamanca, que os odiava igualmente e defendia a completa extirpação do judaísmo da Espanha por expulsão ou extermínio. Em seu devido tempo, todas as sugestões de frei Alonso foram adotadas pelos governantes ibéricos.

 

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Os Reis Católicos e a Inquisição

    A história dos judeus na Espanha vai dar sua guinada final em outubro de 1469, quando Isabel de Castela se casa com o príncipe Fernando de Aragão. Em 1474, Isabel ascendeu ao trono de Castela e, cinco anos depois, Fernando se tornou rei de Aragão. De 1479 em diante eles governaram o que era, de fato, um único reino unificado. Isabel e Fernando gradualmente restauraram a ordem e impuseram sua autoridade sobre toda a Espanha. Num primeiro momento, os reis não eram hostis aos judeus, pelo contrário.

Havia inúmeros judeus e conversos que foram nomeados para ocupar cargos importantes na administração do Reino. Entre outros, havia duas figuras de destaque: Rabi Isaac ben Judah Abravanel – que se refugiou em Castela após a morte do rei D. Afonso V, rei de Portugal, e Don Abraham Senior, de Segóvia, Rabino Chefe da comunidade judaica e Coletor-Chefe de impostos reais, em Castela. Os dois eram encarregados de administrar as receitas e fornecer abastecimentos ao exército real. Outros estadistas cristãos-novos prestavam serviços à Coroa e dentro da casa real, Isabel conseguiu conceber o Príncipe Juan devido ao tratamento médico que recebeu de seu médico judeu, Lorenzo Badoc. Havia também administradores e intelectuais judeus também na corte de Aragão e a serviço de vários nobres e clérigos.

 

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Fernando e Isabel

 

Ademais, em várias ocasiões, Fernando e Isabel intervieram pessoalmente para impedir distúrbios antijudaicos e punir os que haviam fomentado a violência. Para conter os excessos dos nobres e das autoridades municipais em sua tentativa de restringir os direitos dos judeus, Fernando havia deixado claro que não deviam ser prejudicados. Em 1477, ao defender os judeus de Trujillo, Isabel declarou, “Todos os judeus do meu reino são meus e estão sob minha proteção, e cabe a mim defender e protegê-los, e manter seus direitos”. São inúmeras as provas de que, até a véspera da expulsão, os governantes de Aragão e Castela consideravam os judeus como súditos leais e merecedores de proteção. A confiança judaica em seu apoio não se baseava, de fato, como alguns estudiosos alegam, em ilusões fantasiosas.

Mas, Fernando e Isabel eram antes de mais nada monarcas católicos e levavam a sério suas responsabilidades religiosas em relação à Igreja. Não foi apenas por razões políticas que eles receberam do Papa Alexander VI o título de los Reyes Católicos.

Os constantes relatórios sobre as alegadas atividades judaizantes realizadas por conversos alarmavam os Reis, principalmente Isabel. E, uma vez consolidada sua posição política, os Reis Católicos decidiram agir para resolver a questão dos conversos, de acordo com as diretrizes propostas pelos mais extremos fanáticos católicos: extirpar a “heresia” dos conversos e tomar severas medidas contra os judeus para impedi-los de influenciar a população cristã.

Em 1447, Isabel e Fernando foram convencidos pelo prior dominicano de Sevilha, Alonso de Hojeda, de estabelecer a Inquisição em suas terras. O dominicano alegava de que os conversos se reuniam secretamente para praticar seus “ritos antigos”, e essa ameaça só poderia ser adequadamente combatida se fosse instalado na Espanha um Tribunal da Inquisição, sob controle real. Ao contrário dos antigos Tribunais do Santo instituídos no século 13, a Inquisição espanhola não seria um instrumento do Papado. Prestaria contas diretamente a Fernando e Isabel. Como nos domínios dos monarcas espanhóis a Igreja e o Estado atuavam em conjunto, a Inquisição espanhola funcionaria como um instrumento da Igreja, mas também de política real.

Em novembro de 1478, uma Bula do Papa Sisto IV autorizou a criação de uma Inquisição única na Espanha. Concedeu aos monarcas espanhóis o inédito direito de nomear e demitir os inquisidores. Em setembro de 1480, dois dominicanos foram nomeados inquisidores.

 

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Inquisição

 

O primeiro auto-de-fé se realizou em fevereiro de 1481, e seis conversos foram queimados vivos na estaca. Só em Sevilha, no início de novembro, as chamas ganharam mais 288 vítimas, enquanto 79 foram condenadas à prisão perpétua. Segundo os registros, entre 1481 e 1488, houve 750 autos-de-fé apenas em Sevilha. A Inquisição tomou nova dimensão quando Torquemada foi nomeado Inquisidor Geral. Todos os tribunais da Inquisição, em toda a Espanha cristã, achavam-se sob sua jurisdição. Nos quinze anos seguintes, até sua morte em 1498, ele teve um poder que rivalizava com o dos Reis Católicos. Sob Torquemada, o trabalho da Inquisição prosseguiu com renovada e diabólica energia. Na década seguinte, a Inquisição se ramificou, cobrindo quase todo o país em fins do século. Talvez uns 30 mil conversos tenham sido queimados vivos em todo o reino. Milhares de pessoas ficaram aleijadas ou enlouqueceram por causas das torturas, arruinadas porque seus bens haviam sido confiscados. Desde o momento de sua instalação, a Inquisição cobiçava a riqueza dos conversos e dos judeus. Nada podia deter as atrocidades, cuja relação ocuparia centenas de milhares de páginas. A certa altura, os dignitários de Barcelona escreveram ao Rei Fernando: “Estamos todos arrasados com as notícias que recebemos das execuções e atos que dizem estar tendo lugar em Castela”. Em Castela, havia protestos contra o renascimento de uma instituição bárbara, criada originalmente em um clima mais primitivo espiritual. Mas os críticos foram silenciados.

Desde o início, a Inquisição espanhola moveu-se com brutalidade em seu uso de confissões secretas extorquidas sob tortura, que era considerada “a melhor maneira de capturar o maior número de judeus secretos”. Em sua metodologia e técnicas de intimidação e tortura, não difere da Inquisição Papal, mas foi certamente na Espanha que atingiu novas dimensões de intolerância, cinismo, perversidade e terror. Todo tipo de tortura que a depravada imaginação dos inquisidores idealizava acabava sendo sancionado. Há registros de que um inquisidor falou aos colegas: “Devemos lembrar que o objetivo principal do julgamento e execução não é salvar a alma do acusado, mas alcançar o bem público e impor medo aos demais”.

 

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Torquemada

 

O Édito de Expulsão de 1492

    O ódio da Inquisição não era apenas em relação aos conversos. Era maior o ódio aos judeus praticantes, porque, em teoria, ficavam fora de sua jurisdição legal oficial. Os inquisidores eram autorizados a tratar de hereges, isto é, cristãos que se haviamdesviado da ortodoxia da fé cristã, ou seja, cristãos-novos acusados de judaizar, e, supostamente, não tinham poder sobre membros de outras religiões. Mas, como a Inquisição considerava o judaísmo um inimigo mortal da fé cristã, encontrava meios de implicar, arrastar e destruir os judeus praticantes. A verdade é que todos os que ocuparam cargos importantes no Tribunal do Santo Ofício tinham como objetivo se livrar dos judeus e, no final, conseguiram destruir o judaísmo na Espanha.

Para conseguir seu objetivo final a Inquisição foi em frente em um crescendo de histeria, paranoia e terror. Ironicamente, o horror dessa primeira década, fez com que um número ainda maior de conversos voltassem a procurar suas raízes judaicas. A religião e a tradição, que eram vistas como crime pelos cristãos, novamente se tornaram fonte de honra e orgulho. De fato, os judeus cada vez mais queriam se arriscar mesmo à fogueira do auto-de-fé de modo a permanecerem fieis ao D’us de Israel.

A Inquisição embarcou em sua própria e constante propaganda antissemita, usando técnicas que iriam ser adotadas cerca de quatro séculos e meio mais tarde, na Alemanha nazista, por Josef Goebbels. Reiteravam-se e repetiam-se acusações revoltantes, com o conhecimento de que acabariam por ser aceitas, pois “uma mentira muitas vezes repetida se torna uma verdade”. Utilizando-se do antissemitismo que ela própria dera um jeito de provocar na população, a Inquisição pediu à Coroa medidas apropriadas. A proposta de expulsar todos os judeus da Espanha veio diretamente da Inquisição.

O Rei Fernando reconheceu que a perseguição dos judeus e conversos teria inevitavelmente repercussões econômicas adversas para o país. Nem ele nem a Rainha Isabel, porém, puderam resistir à combinada pressão da Inquisição e do sentimento popular. Numa carta a seus mais influentes nobres e cortesãos, o Rei escreveu: “O Santo Ofício da Inquisição, vendo que alguns cristãos são postos em perigo pelo contato e comunicação com os judeus, estipulou que eles sejam expulsos de todos os nossos reinos e territórios, e convenceu-nos a dar nosso apoio e concordância a isso… fazemo-lo com grande dano para nós, buscando e preferindo a salvação de nossas almas acima do nosso proveito…”.

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Em janeiro de 1483, para apaziguar a Inquisição na Andaluzia, os monarcas anunciaram que todos os judeus da região deveriam ser expulsos. Em maio de 1486, todos os judeus foram enxotados de grandes partes de Aragão. Mas a expulsão geral teve de ser adiada porque a Coroa precisava do dinheiro, expertise e outras formas de apoio dos judeus e conversos para a campanha em andamento contra os muçulmanos do Reino de Granada.

Em 1478, a batalha com o Reino de Granada foi retomada e, na década seguinte, Castela perseguiu, incessantemente, a ofensiva contra o último reino muçulmano na Península Ibérica.

Torquemada aceitou o adiamento pela Coroa da expulsão de todos os judeus da Espanha até que o Reino muçulmano de Granada fosse final e definitivamente conquistado. Mas, nesse meio tempo, passou a preparar o terreno.

 

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Assim surgiu uma acusação de libelo de sangue, conhecida como El Niño de la Guardia. Um converso, Benito Garcia, foi levado perante a Inquisição e acusado de participar da crucificação de uma criança cristã na véspera de Pessach. Submetido à tortura, ele “confessou” o nome de vários conversos e judeus supostamente envolvidos num complô para derrubar o Cristianismo, a Inquisição e matar todos os cristãos. Ainda que nenhuma criança estivesse desaparecida em La Guardia, nem houvesse fundamento na patológica acusação de assassinato ritual, os judeus, uma vez mais, se viram vítimas dessa calúnia medieval. Torquemada indicou uma comissão especial investigadora que, como se previa, “julgou culpados” os acusados. Em novembro de 1491, duas semanas antes da queda de Granada, cinco judeus e seis conversos foram mandados para a fogueira em Ávila.

O intuito de Torquemada era atiçar ainda mais o povo contra os judeus e conversos, e assim preparar os ânimos para o decreto de expulsão, que seria divulgado apenas três meses após o veredicto.

Em 2 de janeiro de 1492, quando o estandarte espanhol foi alçado na torre de Alhambra, palácio-fortaleza em Granada, a sorte dos judeus estava selada. Logo após a queda de Granada, começaram a circular rumores na corte de que um decreto de expulsão para todos os judeus estava para ser decretado. As datas específicas para a formulação, promulgação e anúncio público do decreto continuam alvo de discussão, mas provavelmente foram assinados em fim de janeiro e promulgados no final de março.

Nesse ínterim, Rabi Abrabanel e Rabi Seneor tentaram influenciar os Reis Católicos a revogar o decreto. Na introdução a seu comentário sobre os Profetas, Rabi Abrabanel recorda ter-se reunido três vezes com o Rei, implorando, incessantemente, mas em vão, por seu povo. Apesar de necessitar do apoio dos poderosos cortesãos judeus e conversos, Fernando manteve-se firme, enquanto Isabel o estimulava a manter sua decisão de remover todos os judeus da Espanha.

Rabi Abrabanel é bastante sucinto em sua descrição de seu dramático encontro com o casal real, mas Rabi Moshé Capsali, Rabino Chefe de Istambul no século 15, e cronistas que se basearam nos relatos de Capsali, revelam detalhes da última defesa dos Mestres sefaraditas: “Naquele dia, Don Isaac Abravanel recebeu permissão para falar e defender seu povo. E lá se pôs, como um leão, em sabedoria e força, e, na mais eloquente linguagem, dirigiu-se ao Rei e à Rainha. Don Abram Seneor, também, dirigiu-se aos monarcas, mas vendo que era em vão, eles acabaram concordando em não seguir adiante com o assunto…”.

Apesar de assinado em 31 de março, o Édito da Expulsão foi promulgado somente entre 29 de abril e 1º de maio. A razão dada no documento para a expulsão foi evitar que os judeus infligissem mais injúrias à religião cristã. O Édito enumera, em um estilo que denota ter sido redigido pelos inquisidores, os passos tomados durante os 12 anos anteriores para “evitar que os judeus influenciassem os conversos e para purificar a fé cristã”. Os judeus estavam estarrecidos; eles teriam apenas quatro meses de tempo para deixar a Espanha, onde seus ancestrais tinham vivido durante milênios. Ademais teriam que deixar bens e propriedades e lhes foi proibido levarem consigo ouro, prata ou pedras preciosas. As sinagogas (algumas das quais foram convertidas em igrejas), cemitérios e a propriedade das aljamas foram confiscadas. A pedido dos judeus, a data fatídica de 31 de julho foi adiada para 2 de agosto por causa de Tishá B’av.

Imediatamente após ter sido publicado o Édito, o clero começou uma ampla campanha de conversão. Houve um número significativo de judeus que claramente não tinham condições de enfrentar o exílio e se batizaram. Entre esses, dois dos mais importantes membros da comunidade judaica espanhola, Don Abraham Seneor e seu genro, Rabi Meir Melamed, que foram batizados em uma grande cerimônia, em junho de 1492. Ambos eram favoritos da Rainha Isabel e é possível que eles ou suas famílias tenham sido ameaçados, até se submeterem. Outro líder da comunidade, Rabi Don Isaac Abravanel, recusou-se a se converter e optou pelo exílio, mas teve que renunciar a seus direitos de restituição das grandes somas que emprestara ao governo.

O número de judeus que se converteram para evitar o exílio e aqueles que partiram é puramente especulativo. Entre os que partiram, a grande maioria foi para Portugal. O número destes últimos é estimado entre 100 mil e 120 mil. É possível que mais uns 50 mil tenham-se exilado em vários outros destinos partindo direto da Espanha em 1492, para as terras mediterrâneas, alguns para a África Ocidental, poucos para a Holanda.

A História dos judeus na Península Ibérica chegara ao fim. Uma comunidade judaica famosa, tanto por sua sabedoria e conhecimentos quanto por sua importância econômica e política foi abrupta e cruelmente desarraigada. Mas, sua extraordinária civilização não desapareceu, pois, os judeus expulsos levaram seus conhecimentos, sua sabedoria e tradições para outras terras. Mas isto é um outro capítulo da História dos Judeus Sefaraditas…

BIBLIOGRAFIA:
Cohen, Malcolm, A Short History of the Jews in Spain, eBook Kindle 
Gerber, Jane S., The Jews of Spain, eBook Kindle
Lowney, Christopher, A Vanished World: Medieval Spain’s Golden Age of Enlightenment, eBook Kindle

Sobrenome Rausic

       Foi feita a análise de toda trajetória dos benjamitas da Galiléia até a Espanha, e como os judeus eram tratados, e perseguidos na França e Espanha, muitas vezes tendo que se converter ao cristianismo e negar suas origens. Essa poderia ser uma das causas de outras fontes não revelarem a origem judaica dos Rosique.

 

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Armas de Los Rosique

 

Segundo Luis Rosique, o  sobrenome Rausic foi modificado para Rosique na Espanha. O filho de Emmanuel (ou Namuel ou Emmanulle) Rausic, Ventura Rausic migrou para o Reino de Valência levando seus Títulos de Nobreza, no século XIII, onde o sobrenome passou a ser Rosique (devido a perseguição judaica?, ou pela própria regionalização do nome).

Outras fontes pesquisadas não indicam essa origem(judiaca) e nem mesmo a francesa do Apellido, apenas mostram que os Rosique/Rausic poderia ter uma origem remota catalã, em Tarragona.

Por exemplo, nessa Discussão de um Fórum espanhol:

      http://poblado.mforos.com/179974/2764059-historia-del-valle-de-escombreras-2/?pag=16

“Cartagena fue reconquistada en 1245 y hacia 1266 comenzó a ser repoblada por gentes del reino de Castilla (rey Alfonso X) y del reino de Aragón (rey Jaime I, suegro del anterior).

Entre aquellos primeros pobladores llegaron catalanes que ejercieron gran influencia en el concejo cartagenero. Se trataba de los Ros, los Rosique “Rausiq” y los Bienvengud “Benvingut”. Como veréis Rosique y Bienvengud son el resultado de la castellanización de aquellos antiguos apellidos catalanes.

Un siglo más tarde decía Muntaner, cronista de los mercenarios o almogávares de Roger de Flor, refiriéndose a Cartagena y Murcia… En los antedichos lugares se encuentran verdaderos catalanes y hablan el más bello catalán del mundo – posiblemente exageraba, pero hablaban catalán y difícilmente se entendían con los castellanos, mozárabes y musulmanes”…

Neste post sobre o povoamento de Cartagena, é citado que uma das primeiras Famílias a povoarem a região após a Reconquista em 1245 foram os Catalães Rosique, que se denominavam “Rausiq” assim como os Ros e Bienvengud.

O sobrenome Rausic é citado em outras fontes:

Entre os primeiros proprietários de terras em: Es Cabás (Mallorca), no século XIII, onde estava Guillem Rausic.

https://ca.wikipedia.org/wiki/Es_Cab%C3%A0s

Num pergaminho de Tarragona de 1439, citando herdeiros de Juan Rausic, agricultor:

Outro documento cita outro Guillem Rausic, genro de Joan Calvet, como um dos contribuintes para construção da Muralhas de Terragona em 1428.

   http://www.raco.cat/index.php/ButlletiArq/article/viewFile/314839/404992

Mais uma citação é sobre o monge Pedro Rausic, de Benicarló, que em 1531 levaria uma carta ao Imperador Carlos V.

 Benicarló é um município da Espanha na província de Castellócomunidade autónoma da Comunidade Valenciana.

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Escudo de Benicarlo

 

Outra referência ao sobrenome Rausic de grande antiguidade, e que  pode confirmar a mudança de Rausic (Catalão) para Rosique (Cartagena) está neste artigo:
“LA POBLACIÓN CARTAGENERA EN TIEMPOS DE ENRIQUE III DE CASTILLA”
(José Marcos García Isaac- Universidad Complutense de Madrid – 2017)
 “Andrés Rosique: vecino de Cartagena. La primera referencia a este personaje la encontramos en febrero de 1384, cuando firmó como representante del concejo de Cartagena, en la reunión que realizaron los concejos del Reino de Murcia en defensa de un posible ataque granadino, un tal “Andrés Rausic, mandadero de la çibdat de Cartagena”.
 Acomienzos del período de las luchas entre “Manueles y Fajardos” debió de ser partidario del adelantado, pues en octubre de 1391 el concejo de Murcia, por mediación de su mensajero, Marco Ros de la Crespa, pidió a las autoridades cartageneras “ que revoquen a Andrés Rausique de la mensajería e de la creençia que lieva”.
Debió de cambiar de bando, ya que enenero de 1395 era uno de los alcaldes del concejo de Cartagena.
 No volvemos a tener noticias de este personaje hasta diciembre de 1401, cuando fue nombrado procurador de la ciudad para acudir a los cortes de Toledo de 1402 para jurar a la infanta María como heredera de Castilla.
 En febrero de 1405 fue designado como representante de Cartagena ante las autoridades murcianas para tratar una solución relativa al pleito de la molienda que enfrentaba a las dos ciudades.”
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  Tradução:

“Andrés Rosique : vizinha de Cartagena. A primeira referência a esse personagem é encontrada em fevereiro de 1384, quando ele assinou como representante do conselho de Cartagena, na reunião realizada pelos conselhos do Reino de Múrcia sobre defesa de um possível ataque de Granada, um  “Andrés Rausic, mensageiro de Cartagena”.

No período inicial da disputa entre “Manuel e Fajardos” deve ter sido um partidário do adiantamento, como em outubro 1391 o município de Murcia, através de seu mensageiro, Marco Ros de Crespa, pediu às autoridades cartagenas ” que revogassem Andrés Rausique da mensageria e da crença de que ele tem.”

Ele teve que mudar de lado, já que em janeiro de 1395 ele foi um dos prefeitos do conselho de Cartagena.

Não temos notícias deste personagem até dezembro de 1401, quando foi nomeado procurador da cidade para ir às cortes de Toledo em 1402 para jurar à Infanta Maria como herdeira de Castela.

Em fevereiro de 1405 foi designado como representante de Cartagena ante as autoridades murcianas para tratar uma solução relativa à luta da moenda que enfrentava as duas cidades”

“…Jaime Rosique: vecino de Cartagena. Jurado del concejo en 1401.

… Jaime Rosique “el Mozo”: vecino de Cartagena. El 23 de octubre de 1401 figuró como
testigo en la carta de venta de ciertos inmuebles situados en el arrabal de la ciudad, los
cuales fueron adquiridos por Juan Ruiz de Varaza, racionero de la Iglesia de Cartagena, en nombre del cabildo de dicha iglesia.

…Debemos destacar especialmente al grupo oligárquico (Cartagena) con oficio de concesión regia, oficios acaparados exclusivamente por dos familias, los “Rosique” y los “Aniorte”.

…Álvaro González: vecino de Cartagena. En febrero de 1405 firmó como testigo en la
carta que el concejo de Cartagena redactó para nombrar como procurador de la ciudad ante las autoridades murcianas a Andrés Rosique, con el fin de alcanzar un acuerdo en relación al pleito de la molienda existente entre las dos ciudades.

…Nicolás Aniorte/Nicolás de Aniorte: vecino de Cartagena. En agosto de 1391 ocupaba
el puesto de alcalde del concejo por el adelantado, por lo que debemos suponer que estaría muy vinculado a la figura de Alfonso Yáñez Fajardo.95 En agosto de 1394 ocupaba el cargo de “escrivano de la dicha çibdat”96. En agosto de 1401 fue uno de los cartageneros que gracias a una sentencia real recibió una indemnización por parte de ciertos vecinos de Murcia, los cuales habían robado algunas cabezas de ganado de las cabañas cartageneras.97 En octubre de ese mismo año, en calidad de “escrivano del rey e su notario público e escrivano público de la çibdat de Cartajena del dicho conçejo por el dicho señor rey”, fue quien se encargó de redactar la carta de venta de los inmuebles situados en el arrabal de la ciudad, los cuales fueron adquiridos por la Iglesia de Cartagena.98 Junto a Andrés Rosique, fue uno de los dos procuradores cartageneros que acudieron a las cortes de Toledo de 1402 para jurar como heredera de la Corona de Castilla a la infanta María.

…Nicolás Rosique: vecino de Cartagena. En enero de 1395 figura como “notario público
de la dicha çibdat de Cartajena”100. En octubre de 1401 fue uno de los testigos de la escritura
de venta de ciertos inmuebles, situados en el arrabal de la ciudad, a la Iglesia de Cartagena.101
En diciembre de ese mismo año, en su calidad de notario público, fue quien redactó la carta
de poder del concejo para Nicolás Aniorte y Andrés Rosique, los dos procuradores
cartageneros en las cortes de Toledo de 1402.102

…Tomás Ventura “el Mozo”: vecino de Cartagena, En febrero de 1405 firmó como
testigo en la carta que el concejo de Cartagena redactó para nombrar como procurador de la
ciudad ante las autoridades murcianas a Andrés Rosique, con el fin de alcanzar un acuerdo
en relación al pleito de la molienda existente entre las dos ciudades.

  • Véase también: Juan ABELLÁN PÉREZ, Murcia, la guerra de Granada y otros estudios (siglos XIV-XVI), Cádiz, Agrija Ediciones/Real Academia Alfonso X el Sabio, 2001, p. 33. Dicho autor transcribe erróneamente el apellido “Rausic” por “Ransit”.
  • Es probable que el apellido “Rausic” fuese una variante arcaica del apellido “Rosique”, de origen catalán.  
  • Sobre este apellido y su origen véase: Alfonso GRANDAL LÓPEZ, Los nombres y apellidos cartageneros de finales de la Edad Media: Antroponimia, historia y
    lengua en los padrones de principios del siglo XVI. Cartagena, Ayuntamiento de Cartagena/Real Academia Alfonso X el Sabio, 2001, p. 123.”

 

 Uma outra fonte ainda, do Arquivo Geral da Região de Murcia se referente ao documento que Andrés Rosique e Nicolás Daniot (Procuradores de Cartagena) levaram para homenagear a infanta Donã Maria, primogênita de EnriqueIII, em 1402.
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Carta de Representação de Cartagena a Andres Rosique

 

REINO DE VALÊNCIA

O Reino cristão de Valência foi criado em 1238, após a conquista da taifa de Balansiya, por parte do rei de Aragão Jaime I, o Conquistador. Posteriormente, foi ampliado até o sul da linha Biar-Busot.

Jaime I, vendo que era difícil repovoar tanto território conquistado, tenta conservar alguns privilégios da população nativa, assim como respeitar suas religiões e costumes, proclamando os Foros de Valência (Els Furs), a partir do qual se criou com entidade de reino e passando a formar parte da Coroa de Aragão. Foi assim dependente da coroa, mas com uma administração própria.

A criação do reino provocou uma irada reação da nobreza aragonesa, que via assim impossível o prolongamento de seus senhorios até as terras valencianas.

O topónimo da cidade deriva do latim Valentia Edetanorum, cujo significado se traduz em “Valor (ou Força) na terra dos Edetanos“. Atribuído com a fundação da colónia, segue a tradição já verificada em Itália, no século II a.C., da atribuição de topónimos alegóricos de virtude militar. Os árabes denominaram-na مدينة التراب (Madīna at-Turab, “Cidade da Areia”) devido à sua localização na margem do Rio Túria, enquanto que reservaram o termo بلنسية (Balansīa) para a Taifa de Valência. Porém, durante o reinado de Abd al-Aziz a cidade já tinha reivindicado para si o nome de Balansīa, que passaria a ser Valência, València em valenciano, após a conquista por Jaime I de Aragão.

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No Reino de Valência Ventura Rausic, filho de Emmanuel Rausic,  se instala e torna se um nobre local. Tem como filho Gines Rosique.

Época da Coroa de Aragão (séc. XIII–XVIII):

 

Fazendo parte da conquista da taifa de Balansiya, em 1238 o rei da Coroa de AragãoJaime I, conquistou a cidade com a ajuda de tropas da Ordem de Calatrava. Realizou-se a divisão das terras como ficou testemunhado no Llibre del Repartiment.

 

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Entrada de Jaime I

Foi nessa época que se assistiu a um grande desenvolvimento das áreas comerciais e artesanais. Em 1251 criaram-se os Furs de Valência (els Furs) que anos depois se tornariam estendidos ao resto do Reino de Valência. Em 1348 a Peste Negra e sucessivas epidemias dizimaram a população da cidade enquanto estalava uma revolta popular contra os excessos do rei, a guerra da União. Em 1356, foram construídas novas muralhas, ampliando a superfície da cidade. Em 1363 e 1364 a cidade repele por duas vezes o assalto das tropas castelhanas. Como prémio, o Rei Pedro, o Cerimonioso concede à cidade o título de “Duas vezes leal”, que está representado pelos dois LL que ostenta o seu escudo. Em 1391 os cristãos assaltam o bairro judaico, e obrigam os judeus a converter-se ao cristianismo. Em 1456 os árabes de Valência sofrem a mesma sorte. Valência foi capital de um dos dois Governos em que se dividia o reino: o de Valência e o de Orihuela.

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Peste Negra

Século de Ouro Valenciano

No século XV, Valência atingiu o seu máximo esplendor com a atividade comercial e financeira, possibilitando um importante desenvolvimento urbanístico e cultural. Surgiram conventos, hospitais e jardins, dentro e fora da muralha. Nesta altura, foi construída em estilo gótico e dentro do recinto amuralhado La Lonja.

Esse período é conhecido como o Século de Ouro Valenciano. É acompanhado de um crescimento demográfico que colocou a cidade como a mais povoada na Coroa de Aragão. É reativado o comércio com a criação da Taula de canvis, e com a construção da Lonja da Seda e dos Mercaderos (1482). Imprime-se em Valência Obres e trobes en lahors de la Verge Maria, o primeiro livro impresso em Espanha, em língua valenciana, e produz-se um auge quanto a obras escritas. Em 1502 é fundada a Universidade de Valência sob o nome de Estudi General.

Perda dos Furs

Em princípios do século XVIII, durante a Guerra de Sucessão Espanhola (Os Bourbon contra os Austriacistas), o Reino de Valência alinhou-se com o Arquiduque Carlos de Áustria. Depois da vitória dos Bourbon na batalha de Almansa, em 25 de abril de 1707, e como castigo, os furs de Valência foram derrogados, e introduziu-se o direito castelhano como lei básica mediante os Decretos da Nova Planta (ou do Novo Plano), promulgados por Filipe V. Deste modo o rei mudou a capital do reino para Orihuela como modo de ultrajar a cidade, e ordenou que se reunisse a Audiência com o Vice-Rei de Valência, o Cardeal Luis de Belluga, bispo de Cartagena. O Cardeal Belluga opôs-se à mudança de capital tendo em conta a proximidade de Orihuela como centro religioso, cultural e recentemente político em relação a Múrcia (capital de outro Vice-reino e de diocese). Tendo ainda em atenção o seu ódio por Orihuela a qual bombardeou e saqueou incessantemente durante a Guerra de Sucessão Espanhola, abandonou o Vice-Reino de Valência como meio de protestar junto do Rei Filipe V que finalmente devolveu o estatuto de capital a Valência.

CARTAGENA

Cartagena é um município da Espanha na província e comunidade autónoma de Múrcia.

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Armas de Cartagena

 

O topónimo mais antigo que se conhece da área é Mastia, que tradicionalmente se identifica com a cidade nos períodos ibero ou tartéssico. Os Fenícios fundaram uma colónia com o nome de Qart Hadašt (“nova cidade”), o mesmo que tinham dado a Cartago. Durante a época romana chamou-se, em latimCarthago Nova. O acusativo Carthaginem deu origem ao nome árabe قرطجانة(Qarṭaǧānatu), a forma que precedeu a atual, Cartagena.

 

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Palácio de Asdrubal

A cidade foi, senão a primeira, a principal porta de entrada dos Cartagineses na Península Ibérica, fundada em 227 a.C. pelo general cartaginês Asdrúbal, o Belo. Foi capturada por Roma durante a Segunda Guerra Púnica (218–201 a.C.), vindo a tornar-se a capital de uma das províncias da Diocese das Hispânias, a Cartaginense.

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Asdrúbal

Foi de Cartagena que Aníbal (218 a.C.), irmão de Asdrúbal, saiu com seu exército para surpreender os romanos pelo costado, na Segunda Guerra Púnica. Atravessou os Alpes nevados com milhares de soldados treinados segundo as táticas de Alexandre, o Grande.

Até hoje se discute como o general cartaginês conseguiu a proeza de cruzar tamanhos obstáculos naturais, como as montanhas altíssimas, onde a temperatura chega a 20 graus negativos. Roma jamais poderia supor que por ali penetrasse um exército inimigo.

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Exército de Aníbal

O projeto de Aníbal chegou a ser chamado de “delirante”. Venceu a sua obstinação. Além da infantaria e da cavalaria, conseguiu conduzir pelos despenhadeiros, em meio a tempestades de neve, a sua “arma secreta”: elefantes. Ninguém, além de Alexandre contra Dario III (313 a.C.), na Pérsia, jamais havia utilizado esses paquidermes com objetivos militares.

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Montes Pirineus

A cavalaria dos exércitos inimigos não havia sido treinada para confronto com aquela estranha espécie animal que só existia na África e na Índia. Os cavalos aterrorizados diante da aparição, cheiro e barrido dos elefantes, relinchavam e empinavam até se livrarem dos cavaleiros para fugir a galope na direção contrária.

Durante o declínio do império o poder romano entregou-se aos Visigodos, que se instalaram na Espanha para construir uma monarquia. O conflito persistente entre a nobreza de Visigodo enfraqueceu a monarquia e em 711 os mouros (árabes) chegaram rapidamente tomando o controle de Cartagena e a maior parte do peninsular. A cidade viu algum rebaixamento de carreira profissional segundo a regra muçulmana, se só quanto a posição. Os mouros que em vez disso escolhem a cidade recentemente fundada de Mursiya (Murcia) como a capital de regiões; ele mesmo governado pelo califado de Córdova. Muita inovação seguiu, inclusive a implementação de técnicas de irrigação (ainda usado hoje) conversão das regiões solo árido na terra fértil.

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Reino Visigodo

 

O 11o século trouxe a luta civil e o Califado derrubou-se por espanhóis nativos para fazer o caminho para uma monarquia independente, inclusive (na sua altura) parte das províncias modernas de Alicante e Almeria.

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Em Abril de 711, Tarik Ibn Ziyad, governador de Tânger e comandante de Mussa Ibn Nusayr (698-714), desembarca à frente dos seus homens no monte que em sua honra se passará a chamar Jabal Tariq (Gibraltar), e derrota o rei Rodrigo na batalha do rio Guadarranque, entre a torre de Cartagena e Gibraltar, segundo algumas versões, a batalha dá-se junto ao rio Guadalete. A vitória árabe sobre Rodrigo vai derrubar toda a organização central de defesa do estado visigodo, e em vez de uma simples intervenção estrangeira num confronto civil, como pretendiam Oppas e Julião, os muçulmanos iniciam uma conquista em toda a linha, acabando em poucos anos com a escassa resistência apresentada pelos antigos senhores. Toledo perde o seu título de capital do império, que passaria para Córdoba, e a Espanha passará a designar-se Al Andaluz.Os árabes, ao conquistarem a Península não foram influenciados pelo cultura local, continuaram mantendo suas raízes, seguiram sendo muçulmanos, regendo-se pelas leis do Alcorão e pelos ensinamentos do profeta Muhammad. A religião dos povo era-lhes indiferente, mas não houve perseguições nem conversões forçadas. A tolerância do estado islâmico permitiu a sobrevivência das raízes clássicas e cristãs durante vários séculos. A chegada dos árabes muçulmanos foi saudada pelos judeus, que tinham sido perseguidos nas últimas décadas do reino visigodo. As determinações de sucessivos concílios da Igreja peninsular tinham contribuído para a discriminação deste segmento populacional: o III Concílio de Toledo determinou o batismo forçado de crianças filhas de casamentos entre judeus e cristãos; o XVI proibiu os judeus de praticarem o comércio com cristãos, o que provocou a ruína de muitas famílias, e o XVII condenou-os à escravatura sob o pretexto de conspirarem, junto com os judeus do norte de África, para a queda do reino visigodo.
Em 1245, o Príncipe Alfonso – posteriormente Alfonso X, El Sabio – conquistou a cidade, que recuperou a sua condição de sede episcopal, mas sem mudar o rumo decadente da cidade.
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Na sua principal mudança última de mãos Cartagena e os seus territórios circundantes lutaram-se por e tomaram-se por Alfonso X de Castilla e Leon, no ano 1243. Agora governado da Espanha central Murcia permaneceu a capital provincial (e permanece assim hoje). Cartagena continuou a sua importância estratégica que se faz a sede naval oficial de Espanha.

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Escudo de Cartagena

 

A Família Rosique que por um lado pode ter ascendência fraco-hebréia ou por outro lado ter raízes antigas espanholas, inicilamente Catalã, em Tarragona e depois com forte presença na região de Cartagena e Murcia.

No final do século XIV Cartagena vivia um período de crescimento devido a fortificação de seus castelos devido o perigo de Granada e reconstrução dos portos devido a ameaça de piratas. Sob o governo de Enrique III.

Enrique III

Henrique III de Castelao Enfermiço (Burgos4 de Agosto de 1379 — Toledo25 de Dezembro de 1406) foi rei de Castela e Leão desde 1390 até à sua morte.

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Enrique III

Nascido de João I de Castela e Leonor de Aragão, foi cognominado de el Doliente (o Enfermiço) por ser pequeno e delicado. Antes de ser elevado ao trono recebeu do seu pai o título de 1º Príncipe das Astúrias, como forma de o designar como herdeiro da coroa.

Em 1390 foi proclamado rei de Castela e Leão, e da Galícia. Em 1406, as cortes de Castela em Toledo apoiaram sua proposta para a grande guerra contra Granada, mas o rei caiu gravemente doente e morreu. Herdou o trono muito moço, sendo tratado com pouco cuidado, sem consideração pela sua dignidade. Instalou-se na corte um ambiente de terror e anarquia que conseguiu dominar quando assumiu o governo. Impôs-se de forma enérgica, obrigando os nobres que se tinham locupletado com bens da coroa a restituir o que haviam subtraído. Os acusados de de lapidarem o património real submeteram-se, pois começava a manifestar-se já o absolutismo dos monarcas, que tinha no carrasco valioso auxiliar. Em seu reinado, Portugal e Castela estavam em guerra mas passou-se quase todo sem combates, com repetidas tréguas. Procurou estabelecer nas Canárias um ponto de apoio que permitisse novas empresas guerreiras na África como Portugal fez com a conquista de Ceuta! Os estados peninsulares começavam a olhar com interesse para o mar.

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Rei Enrique III

 

”Durante el siglo XIV, el mar Mediterráneo había sido ignorado por los monarcas castellanos sólo en contadas ocasiones, y por motivos muy concretos, habían prestado interés a este mar. Tal fue el caso de Pedro I, quien en el marco de la “guerra de los dos Pedros(1356-1369)”, se había servido del puerto de Cartagena para lanzar una serie de campañas navales contra la costa de la Corona de Aragón en 1358, 1359 y 1365.
 Con el advenimiento al trono de la dinastía Trastámara en 1369, los reyes castellanos volverán a perder interés por los asuntos mediterráneos, aunque sólo temporalmente. Cartagena, único puerto castellano de relevancia en el Mediterráneo, sufrirá una aguda depresión poblacional, al no contar con la promoción real necesaria para convertir su magnífico puerto natural en una base sólida, con el objetivo de fomentar los intereses castellanos en el Mediterráneo… Este ambiente, de escasa vigilancia por parte de las autoridades reales unido a lasexcelentes condiciones del puerto de Cartagena, convirtió a la ciudad portuaria en una base idónea para las bandas de corsarios y piratas que surcaban los mares, pues podían disponerde un refugio seguro.
 En los siguientes años, parece que el número de tripulaciones de piratas y corsarios se mantuvo estable, pues apenas hay registros que den testimonio de sus acciones. No será ya hasta el reinado de Enrique III, cuando su número se incrementará de manera considerable, a raíz de otra situación de bélica, en este caso la guerra que enfrentó entre 1396 y 1402 a Castilla con Portugal.”

              Escudos da Família Rosique ( Vicente de Cadenas y Vicent) :

– Três Rosas em Campo Dourado(mais comum);

– Um Leão de Prata em Campo Dourado ;( raro)

– Escudo cortado : Três Estrelas e Cinco Rosas

Armas de Pedro Rossique, Marqués de Camachos. Belíssima Gravura ,Técnica mixta sobre papel, séc. IXX. Coleção L. Navarro, Murcia

Nobiliario Español de don Julio de Atienza .Pag. 665 Madrid – 1959

Linaje murciano, de Cartagena. Probó su nobleza en la Orden de Santiago en 1755, 1784 y 1857, y en la Real Compañía de Guardias Marinas en 1759.Sus armas: En campo de oro, tres rosas de gules.
               
                  A família Rosique pertenceu a Ordem Militar de Santiago que foi uma ordem religiosa militar  instituída por Afonso VIII  de Castela aprovada pelo Papa alexandre III , mediante una bula outorgada em  1175.
 
 

http://www.abcgenealogia.com/img/Rosique1.gif

http://heraldicablog.com/

Rosas

 

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Outros Grupos do Facebook:

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http://www.misapellidos.com/ver_datos.phtml?cod=18334

http://www.abcgenealogia.com/Rossique01.html

http://www.rosiquefamily.com/getperson.php?personID=I5266&tree=001

         Outros escudos e armas:

Rossique Rivera

                Piedra armera de la casa del s. XVIII en la calle del Cañón de Cartagena (desaparecida)

Escudo partido: 1º Rossique, y 2º González de Rivera. Armas que lucian en la fachada de la, desaparecida, casa que esta familia habitaba en Cartagena.

                                                                                                              

Escudo cortado

Escudo partido: 1º Rossique, y 2º González de Rivera. Armas que lucian en la fachada de la, desaparecida, casa que esta familia habitaba en Cartagena.

              

Los Camachos( Cartagena), os Rosique em torno do seu Escudo

En campo de azur un castillo de oro surmontado de un creciente de plata y acompañado de cinco estrellas de oro (dos a cada lado y una debajo). Bordura de oro con ocho rosas de gules. Este apellido es originario de Murcia

Escudo de los Rosique, de Murcia, según Fco. Cascales.

                                          http://www.armoria.info/libro_de_armoria/ROSIQUE.html

Apellido murciano, probó su nobleza en la Orden de Santiago en los años 1806, 1807 y 1829, en la de Carlos III en 1783 y 1837, en la real Chancillería de Valladolid en 1777, y en la Ral Compañía de Guardias Marinas en 1755 y 1762

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El teniente general Miguel Tacón y Rosique fué creado Marqués de la Unión de Cuba en 1849. Doña Francisca Tacón y Ache fué creada Condesa de Peralta en 1890.
Sus armas: Escudo cortado: 1o., en campo de plata, un castillo, de gules, y 2o., en campo de plata, un caballero armado, con las manos cortadas, abrazando un pendón de gules, con el asta de sable.

                                          http://heraldicablog.com/2011/02/15/rosique-escudo-heraldico/

Rossique-Tilly – Escudo Copete del marco del retrato del Marqués de Camachos, Librilla.

 

                                           http://www.abcgenealogia.com/cgi-bin/verimagen.pl?id=695

Documento de Tacon Rosique com Escudo